O dia em que quase fui deportado em Los Angeles

Um apaixonado por viagens, vinhos e carros. Se deixar, viaja até em pé, mas nunca deixa de viajar.
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Fabio Mensagens: 8900
Sex Ago 28, 2015 1:14 am
O dia em que quase fui deportado em Los Angeles

Quem acompanha o Falando de Viagem sabe que viajo com certa frequência aos Estados Unidos. Em média costumo ir lá a cada 2 meses. Muitas vezes por motivos pessoais e outras tantas fazendo alguma press trip pelo site.

Nos últimos 7 anos foram cerca de 40 viagens realizadas para aquele país. Só no meu passaporte atual, que tem 4 anos de uso, são quase 30 carimbos de entrada.

Se meu objetivo fosse imigrar ilegalmente eu já teria tido todas as chances do mundo.

Minha viagem mais recente para lá, no começo de agosto de 2015, foi a convite do órgão de turismo do estado de Nevada, o Travel Nevada, para uma road trip pelo estado.

Devido a uma série de circunstâncias, meu aeroporto de entrada foi o de Los Angeles, cidade inclusive que detêm o recorde absoluto de carimbos de entrada no meu passaporte. Já entrei tantas vezes por Los Angeles que conheço de rosto boa parte dos oficiais de imigração do aeroporto. Em 90% dos casos nenhuma pergunta é feita. Nos outros 10% apenas perguntas mecânicas como quanto tempo irei passar, para onde estou indo e quanto dinheiro estou portando.

Eis que ao chegar a minha vez na fila da imigração me deparo com um oficial da CBP mais novo que a média. Ele começou com as perguntas de sempre e a princípio pensei que era apenas rotina. Mas aos poucos fui percebendo que ele não estava acreditando nas minhas respostas.

Ele foi direcionando a conversa até o ponto de martelar no ponto que eu deveria estar viajando para fazer negócios e que tinha amigos em meu destino, Las Vegas, devido ao número de vezes em que lá estive. Eu, falando a verdade, dizia não conhecer ninguém em Las Vegas. Percebi que foi algo pessoal. Ele não foi com a minha cara. Isso é uma coisa que a gente sente na hora. Não entrava na cabeça dele de jeito nenhum que eu adoro viajar sozinho.

Isso continuou por uns 10 minutos até o ponto em que ele disse que infelizmente não podia acreditar em mim. Não obstante, carimbou meu passaporte, colheu minhas digitais, tirou a foto e me liberou. Mas não antes sem escrever um código no formulário de alfândega: 545.

Imediatamente percebi que seria travado pela alfandega. Sem outra opção me dirigi até a esteira de bagagem, recolhi minha mala e fui para a saída.

O oficial da CBP na alfândega, ao ver o tal código, desenhou uma letra B enorme no formulário e me mandou seguir para a tal linha B, Inspeção Secundária, para onde me encaminhei. Fui recebido por um oficial firme mas educado, a quem repeti toda minha história. Ele fazia a mesma pergunta diversas vezes para ver se eu caía em contradição, mas como falava a verdade não tinha nada a temer.

Perguntas como "qual foi a última vez que fui a negócios", "o que fazia no Brasil", "Por qual cidade entrei na última vez que estive lá" foram repetidas diversas vezes. Pediu para ver minha passagem de volta e a reserva do hotel em Las Vegas, mas não conferiu a quantia em dinheiro que eu portava.

Ele fazia essas perguntas com a página de computador aberta onde constavam todas as minhas entradas e saídas nos últimos sabe lá quantos anos. Ele fazia contas dos períodos de permanência e eu insistindo para ele fazer exatamente isso e constatar que nunca passei mais de duas semanas direto em solo americano.

Em seguida pediu para abrir minha mochila e minha mala, revirou um pouco tudo procurando fundos falsos e até se surpreendeu com a pouca roupa. Se eu estivesse indo ilegalmente teria uma mala cheia e não uma vazia. Perguntou se eu iria comprar roupas e eu disse que claro, pois eram muito mais baratas nos Estados Unidos que no Brasil.

Para coroar, ele pediu para ver minha carteira e literalmente tirou tudo de dentro. Encontrou meus cartões de visita do Falando de Viagem e questionou o que seria aquilo. Eu disse a você que era jornalista e estou aqui a convite do Travel Nevada, respondi. Se você olhar com calma vai ver que os telefones são do Brasil, o endereço é brasileiro e o cartão está em português.

Olhou meus cartões de crédito e foi quando vi algum olhar de surpresa pois apesar de serem cartões comuns no Brasil, são mais difíceis de se obter nos Estados Unidos.

Só então notei um relaxamento em sua atitude e ele disse que poderia guardar meus pertences pois estava liberado.

Foi então que eu disse que agora quem queria fazer duas perguntas era eu.

1- Existe algum limite de vezes que um visitante pode entrar nos Estados Unidos? Não. Você pode entrar quantas vezes quiser. (É? Mas não parece....)

2- Existe algum problema em eu, como jornalista/blogueiro/editor de site, entrar com o visto B1/B2, fazer minha viagem de observação e, só ao voltar para o Brasil, escrever sobre ela? Não, nenhum problema (Também não estava parecendo...)

Foi a primeira vez que isso me acontece nos Estados Unidos e creio que tudo se deveu à antipatia comigo por parte do primeiro oficial que me entrevistou, levantando suspeita.

A noite, no hotel e mais calmo consultei a internet e vi que o tal código 545 é "suspeita de contrabandear bens para os Estados Unidos".

Fica portanto minha recomendação para todos: não minta, fale sempre a verdade. Além de evitar que você caia em contradição também o deixará livre de ser enquadrado em "Mentir para um oficial da CBP" que descobri ser crime federal.

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RodMY Mensagens: 660
Sex Ago 28, 2015 2:59 am
Tenso, hein... E tudo por causa daquele primeiro cara! Imagina se vc não fala bem inglês ali na hora...

Sou o que vi o mesmo show do Cirque du Soleil que vc, KÀ dia 4 às 19h... rs

Adriana Mensagens: 2231
Sex Ago 28, 2015 7:41 am
Nossa, com certeza, mesmo não tendo o que esconder, eu ficaria muito nervosa.

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baran Mensagens: 10215
Sex Ago 28, 2015 7:44 am
Fico tentando imaginar que mercadoria vale a pena contrabandear do Brasil para os EUA.

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zardox Mensagens: 11619
Sex Ago 28, 2015 8:12 am
Fábio...
Interessante isso: um órgão do governo estadual faz um CONVITE a um jornalista... cujo objetivo do convite era incentivar o turismo em Nevada e o cara de LAX cria caso ao trabalho do profissional...
Ah...
Matei a charada...
Fábio... vc foi confundido com o 14º personagem da franquia de filme: "Quatorze homens e o segredo final".. 4º episódio da série de pessoas que atacam os cassinos de Las Vegas....
O agente que criou quizumba contigo é contratado do Al Pacino, que até hoje não digeriu o golpe dado por George Clooney, Brad Pitt, e cia.... :lol: :lol: :lol:

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zardox Mensagens: 11619
Sex Ago 28, 2015 8:14 am
baran...
Respondendo a sua pergunta:

Sandálias Havaianas...

Of Course....

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Igguiim23 Mensagens: 133
Sex Ago 28, 2015 8:18 am
"Fico tentando imaginar que mercadoria vale a pena contrabandear do Brasil para os EUA."

Sensacional a resposta do Baran...
Me perguntei a mesma coisa assim que acabei de ler o relato. hahaha

E em uma hora dessa falar bem inglês salva!

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bigshot Mensagens: 3415
Sex Ago 28, 2015 8:38 am
Por isso que eu sempre digo: fale a verdade, por mais tosca que ela possa ser, sempre fale a verdade.

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laricampsou Mensagens: 601
Sex Ago 28, 2015 8:47 am
Eu, que viajo para os EUA uma vez ao ano, tenho um inglês ok, numa dessas começava a chorar...
Por isso que é tão importante falar a verdade.
Que bom que deu tudo certo, Fabio!! :D

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laricampsou Mensagens: 601
Sex Ago 28, 2015 8:48 am
Pode contrabandear pão de queijo, brigadeiro, café(de verdade)... :lol: :lol: :lol:





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