Minha experiência trabalhando como J-1 em Park City, nos Estados Unidos

Troca de informações sobre intercâmbio no exterior.
danielpaludo Mensagens: 292
Qua Abr 06, 2016 1:11 pm
Minha experiência trabalhando como J-1 em Park City, nos Estados Unidos

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O Programa

Para muitos, a oportunidade de trabalhar temporariamente nos EUA com o visto J-1, através do programa Work Experience/Work & Travel, é a primeira experiência profissional vivenciada durante a vida. Devido aos principais pré-requisitos para participar do programa ser ter entre 18 e 30 anos e estar regularmente matriculado em alguma faculdade presencial, muitos dos participantes aproveitam para participar do programa logo no primeiro ano da graduação.

O programa ocorre durante as férias da faculdade, geralmente do final de novembro ou início dezembro, até o final de fevereiro ou início de março, dependendo do calendário acadêmico do participante.

Apesar do programa ter início somente no final do ano, quanto antes o planejamento for feito melhores serão as chances do participante de conseguir empregos e facilidades nas formas de pagamento. O aconselhável é começar a pelo menos pesquisar a respeito e/ou ir até as agências que oferecem o programa já em fevereiro ou março do ano em que se deseja realizar o intercâmbio. As empresas que realizam o programa costumam dar preferência para aqueles que fizeram a inscrição primeiro na hora de escolher o empregador para realizar a entrevista nas Job Fairs, que falarei mais a respeito a seguir.

A primeira etapa para participar do programa é realizar a inscrição efetuando o pagamento, sendo ele à vista (grande possibilidade de descontos) ou a prazo, existindo algumas diferentes formas para realizá-lo, como cartão de crédito e boleto bancário. No caso do pagamento a prazo, a grande maioria das empresas trabalha com o parcelamento no cartão em R$ e no boleto em US$. Isso significa que o valor que será pago mensalmente na fatura do cartão será baseado no valor do dólar no dia em que a inscrição no programa foi feita, enquanto no boleto dependerá da cotação do dia em que o boleto vencer em cada mês.

Após a inscrição e vaga garantidas no programa (o que não significa que o participante será empregado), é realizado um teste de inglês com o candidato. Esse teste, geralmente aplicado por americanos residentes no Brasil ou por professores autorizados, serve para classificar o nível de inglês do participante. São avaliadas três categorias: Speaking, Listening e Understanding. Esses testes são destinados àquela modalidade do programa em que o participante deseja participar, sendo elas: Job Fair, Placement e Independent.

Antigamente, havia a possibilidade de o participante retirar o visto J-1 junto ao consulado e partir para os EUA sem estar empregado e lá procurar o emprego por conta própria. Como muitos estavam indo e nem todos voltando, o Consulado Americano não está mais permitindo esta modalidade do programa (antigo Independent). Hoje em dia, o visto J-1 do participante só terá chances de ser aprovado se ele já tiver emprego definido até o dia em que for entrevistado no consulado. Um dos documentos necessários para ser apresentado ao consulado é a Job Offer (proposta de emprego) preenchida e assinada, por ambos participante e empregador.

As modalidades do programas oferecidos atualmente são:

• Job Fair: É a feira de empregos realizada pela agência em que o participante se inscreveu para participar do programa. Essas feiras contam com diversos empregadores de vários estados norte-americanos. As entrevistas podem ser pessoalmente ou através de Skype, que são as chamadas Skype Fair. No final da entrevista, o entrevistado já recebe a resposta se foi ou não aceito pelo entrevistador.
• Placement: Nessa modalidade não existem entrevistas. O que o participante deve fazer é preencher um perfil online, em um site que será designado pelo Sponsor (responsável pelos intercambistas enquanto estiverem nos EUA) parceiro da agência de intercâmbio. Esse perfil preenchido com todas as informações a respeito do candidato servirá como um currículo para o mesmo, onde os empregadores, que contratarão através dessa modalidade, terão acesso e o usarão como referência para contratação.
• Independent: Essa modalidade é onde o participante fica responsável por encontrar seu próprio emprego. Geralmente alguns possuem algum primo, ou amigo de algum amigo que já participou do programa, e que pode servir para indicá-lo ao antigo empregador. Os empregadores exigem que os trâmites sejam feitos através do Sponsor e das agências de intercâmbio aqui no Brasil, que são as responsáveis pelo contato com os Sponsors. Apesar de parecer bem fácil, não há a possibilidade do participante entrar em contato direto com o empregador e solicitar a Job Offer para que possa aplicar para o visto sozinho e evitar os gastos com a agência. Os empregadores só liberam a Job Offer preenchida para o candidato através do Sponsor, que a libera para o participante através da agência responsável. De qualquer forma, esta é a modalidade mais em conta de todas, chegando a custar a metade do preço da modalidade Job Fair em certos casos.

Após conseguir o emprego e estar com a Job Offer em mãos preenchida, chega a hora de agendar o visto. O procedimento é basicamente igual ao do Visto B1/B2, que é o visto de turismo/negócios, que a maioria dos brasileiros tira para visitar os EUA a turismo. Alguns documentos a mais são solicitados e algumas perguntas a mais podem ou não serem feitas durante a entrevista. Se a Job Offer está preenchida e assinada corretamente e todos os documentos solicitados estão em mãos, é 99% de chances que o visto seja aprovado. Infelizmente, como todos sabemos ou deveríamos saber, ninguém está imune à uma recusa de visto, independente de a situação do solicitante estar 100% ok. Como análise de cartões de crédito, não há um critério definido para autorização de vistos, e qualquer um pode ser negado a qualquer momento.

Felizmente, nos dois anos em que participei do programa, e em outros dois anos em que trabalhei em uma dessas agências de intercâmbio que oferecem o programa Work Experience, nunca vi nenhum visto ser negado. Como segue o roteiro: não minta na entrevista, em hipótese alguma, e tudo dará certo.

O aconselhável é o participante seguir a seguinte ordem: conseguir o emprego, fazer o visto, comprar a passagem. Aconselhamos que o viajante faça nessa ordem para que a possível negativa em alguma etapa não traga nenhum prejuízo, como por exemplo: não conseguir emprego e já estar com o visto agendado, ou comprar a passagem, mas ter o visto recusado.

Para aqueles que não conseguirem emprego ou resolverem desistir do programa após a inscrição ser feita, existem políticas de cancelamento descritas no contrato que contam com um bom reembolso, apesar de não 100%. Porém, quanto mais perto do embarque, maior é a multa de cancelamento. Aconselho ao participante ler e entender detalhadamente as cláusulas de cancelamento antes de assinar o contrato, e quando assiná-lo, estar muito bem ciente das possíveis multas que serão aplicadas para não gerar discussões e estresses futuros.

A minha experiência

Desde quando estava no ensino médio do colégio eu já tinha o desejo de um dia realizar o Work Experience em Park City, UT. Em 2008, quando eu estava participando do intercâmbio de High School no estado de Michigan, também nos EUA, tive a oportunidade de visitar a minha irmã que estava trabalhando como J-1 na época, justamente em Park City. Foi a primeira oportunidade que tive de conhecer a cidade, e entender o porquê de minha irmã ter escolhido o destino, aconselhada pela minha prima que havia feito o programa lá anteriormente, seguindo os passos do meu primo que havia participado antes dela. Todos para Park City.

Quando entrei na faculdade, no ano de 2011, antes mesmo das aulas começarem no final de fevereiro, eu já estava na agência finalizando o meu processo de inscrição, certo de que no final do ano estaria embarcando para trabalhar nos EUA. Resolvi então seguir a tradição de família, e decidi que o destino seria Park City, independente de qual modalidade eu tivesse que escolher.

Felizmente, temos uma prima que na época já possuía residência fixa em Park City, e trabalhava na montanha principal da cidade, a Park City Mountain Resort. Ela, em contato com o pessoal do RH, conseguiu formalizar uma proposta de emprego, para que eu pudesse realizar o programa através da modalidade Independent.

Com a Job Offer preenchida e toda a documentação necessária em mãos, pude realizar o agendamento do visto para início de outubro, dois meses antes da data de partida. É bom fazer todo o processo com uma certa folga, para se algo der errado ter tempo para corrigir ou refazer. Lembro de não ter sido muito diferente do procedimento do visto convencional, havendo apenas uns 3 ou 4 questionamentos a mais, mas sem perigo nenhum de algo dar errado, além da vantagem de na época o procedimento todo ser feito em apenas um dia.

Com toda a documentação pronta e revisada, dia 07 de dezembro de 2011 chegou e embarquei novamente para aquele paraíso que antes eu havia passado apenas como turista, por duas oportunidades. Mal podia esperar para poder “morar” por um certo tempo em Park City e entender porque todos que uma vez lá moram, sempre querem retornar, nem que seja para passar apenas uma tarde respirando aquele ar fresco que só as montanhas podem te oferecer.

A cidade

Park City é uma cidade localizada no condado de Summit, a aproximadamente 52km do centro de Salt Lake City, capital do estado de Utah. O aeroporto de chegada é o Aeroporto Internacional de Salt Lake City, que fica a cerca de 60km de distância de Park City, aproximadamente 45 minutos de carro.

Sua população estimada em 2014 era de cerca de 8.058 habitantes. Durante o inverno, estima-se que mais de 1,5 milhão de pessoas passam pela cidade para conferir o famoso slogan do estado de Utah, “Greatest snow on earth”, como podemos ver nas placas dos veículos do estado norte-americano.

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Park City, diferentemente de outras estações de esqui famosas nos EUA, é uma cidade e não uma vila. Enquanto outras estações consistem apenas de uma ou duas montanhas com uma vila em sua base contendo hotéis, restaurantes e lojas, Park City é uma cidade com três montanhas e uma estrutura que é de dar inveja em muitas cidades grandes mundo afora.

Vamos conhecer um pouco da cidade com as fotos que seguem abaixo e suas respectivas descrições?

A Main Street, rua principal no centro da cidade, conta com inúmeras opções de bares e restaurantes que fazem a gastronomia local ser um dos principais atrativos da cidade além das montanhas. Um ótimo lugar para se divertir, com várias opções de bares para os mais interessados socializarem e darem boas risadas, tomando um bom drink e jogando uma sinuca ou dardos, esporte típico dos bares locais. Também uma ótima opção para compras, lojas de artesanatos e souvenirs tomam conta de ambos os lados da rua, para embelezar ainda mais a caminhada que pode ser feita inúmeras vezes de cima a baixo, enquanto degusta-se um delicioso café ou milk-shake dos coffee shops que estão ao longo rua.

Conheça a Main Street através das fotos abaixo:

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Um grande diferencial de Park City é o seu transporte público, o Park City Transit Bus. Com 9 linhas de ônibus oferecidas gratuitamente, você consegue ir para qualquer lugar da cidade, sem exceção. O transporte é rigorosamente pontual e funciona diariamente das 6AM até as 12AM. Para os horários da madrugada (12AM – 6AM) fica disponível o chamado City-wide, que sai do terminal da cidade de 30 em 30 minutos e percorre a região central de Park City, indo até Deer Valley e retornando para a estação central, o Transit Center, que fica localizado em uma rua paralela a Main Street.

Confira fotos do charmoso terminal central da cidade:

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A cidade é bem completa e tem praticamente tudo que você irá precisar durante sua estadia, seja ela de uma semana, 10 dias, 1 mês, 3 meses ou o quanto você desejar.

Vamos fazer um breve passeio através de fotos para conhecer algumas das facilidades que a cidade oferece aos seus visitantes.

O The Fresh Market, localizado no centro da cidade, é o principal supermercado e oferece tudo que o cliente estiver procurando, com produtos frescos repostos diariamente.

Uma das maiores e mais reconhecidas rede de lojas de artigos esportivos, a Sports Authority, também está presente em Park City e é lá onde você encontra tudo para que sua experiência na montanha saia a mais divertida e segura possível.

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Para aqueles que preferem partir para o atacado e fazer o rancho do mês, a cidade conta com um Walmart, sem necessidade de se deslocar para uma cidade maior, como ocorre na maioria das vilas de esqui dos EUA.

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Para compras, a cidade possui um outro grande diferencial em relação às outras vilas de esqui: um outlet próprio. Sem a necessidade de ter que se deslocar de carro, com o transporte público da cidade, em cerca de 30-35 minutos você chega até o Park City Tanger Outlets.

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Um pouco afastado do centro da cidade, cerca de 15-20 minutos de ônibus, fica o moderno Newpark Town Center. O complexo conta com um belo hotel, além de inúmeras opções de compras e restaurantes. Outras duas opções de supermercados estão presentes no local: Whole Foods e Smith’s. Juntamente com o Walmart e o The Fresh Market, nesse quesito Park City realmente está muito bem servida. Para os amantes de fast-food, a cidade também se destaca com diversas opções como: McDonald’s, Burger King, Taco Bell, Five Guys, Panda Express, Café Rio e Subway.

Veja abaixo fotos do belíssimo Newpark Center:

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As montanhas

Hoje, após brigas judiciais que recorreram à Suprema Corte dos EUA, o grupo Vail Resorts Management Company assumiu a administração de duas das três montanhas da cidade, a Park City Mountain Resort e o The Canyons Resort. Com a administração de ambas sob o controle da VRMC, foi dado início ao projeto “One Park City” que objetivava a unificação de ambas as montanhas e assim resultando na Park City Mountain, o maior resort de esqui, em área, da América do Norte. No final de 2015 as obras foram concluídas, e hoje Park City é a casa do maior resort da América do Norte, ultrapassando tanto Vail, no Colorado, como Whistler-Blackcomb, no Canadá.

Acompanhe abaixo fotos da montanha pós-unificação:
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Restaurante localizado no ponto de unificação entre as duas montanhas:
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Portões de entrada para a montanha:
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Park City é considerada como um paraíso pelos mais experts dos esportes de neve. Shaun White, Sage Kotsenburg e Tanner Hall são alguns dos grandes nomes que usam ou já usaram a Park City Mountain como seu local de treinamento para competições.

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Confiram mais algumas belíssimas fotos da montanha:

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Um dos grandes diferenciais da montanha: O Night Ski. A montanha fecha todos os dias as 4PM, porém algumas pistas, incluindo um Terrain Park (Pistas com saltos e obstáculos), ficam abertos até as 9PM. O frio é grande, porém vale subir o lift para apreciar as luzes da cidade lá de cima.

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Imagem que eu mesmo bati, quando subia um dos lifts da montanha:
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Um grande amigo e eu (à direita), subindo o mesmo lift da imagem anterior:
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A outra (e terceira) montanha da cidade é o charmoso Deer Valley Resort. Montanha exclusiva para esquiadores, sendo não permitida a entrada de snowboarders, é reconhecida mundialmente como a montanha da high society norte-americana. Os passes diários chegam a custar facilmente mais de US$100 em alta temporada, e é base para luxuosíssimos hotéis como The St. Regis, Montage e Stein Eriksen.

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Minha rotina

Todos os dias meu despertador tocava rigorosamente as 6:30AM. Era o tempo de um rápido banho e tomar meu café da manhã, as vezes terminando-o já no ponto na espera do ônibus que me pegava pontualmente as 7:03AM, na frente do condo em que morava, na região de Prospector. O trajeto durava em torno de 20 minutos, e antes das 7:30AM eu já estava na montanha, sempre adiantado pois a hora que deveríamos chegar era 7:40AM. Era o tempo de passar no Kristy’s Café, localizado na base da montanha, e pegar um mocha para começar o dia com o pé direito.

Entrava no Ticket Office, local onde trabalhei por durante 3 meses, batia meu ponto e esperava sentado na sala onde os funcionários se reuniam todos os dias pela manhã, para receber algumas instruções e informações que deveríamos estar atentos durante o dia, como se tais lifts estariam fechados na parte da manhã, ou se certas pistas não abririam devido as condições climáticas.

Após a breve reunião diária, eu seguia para a janela onde iria sentar durante o dia. Ligava o computador, fazia a abertura do caixa e ali ficava esperando o primeiro cliente aparecer. As funções eram simples, mas eu não trocaria por nenhum outro trabalho que vi sendo oferecido para brasileiros nos 4 anos em que tive contato com o programa (2 como participante e 2 como vendedor). Trabalhei todos os dias sentado, em frente ao computador, sempre com um café na mão e tendo a oportunidade de conversar com gente do mundo inteiro, muitos interessados por de onde eu era e o que estava fazendo por lá, experiências únicas. Inclusive tive a oportunidade de vender ticket para o Dave Grohl (Foo Fighters e Nirvana), mas infelizmente não pude tirar uma foto ou se quer comentar que o reconheci, pois como muitos famosos vão para Park City durante o inverno, principalmente devido ao acontecimento do Sundance Film Festival, somos instruídos a tratá-los naturalmente e de jeito algum largar de nossas funções para bater fotos ou ficar conversando, respeitando sempre os clientes que estão esperando na fila.

Contando com a 1 hora que nos era dada para almoço, a jornada diária terminava sempre em torno das 4PM, que era a hora que a montanha fechava, ficando aberta somente para o night ski. Eu trabalhava em torno de 7 horas por dia, durante 5 dias na semana, o que totalizava 35 horas, de 40 horas máximas possíveis.

O meu salário era de US$10 por hora, o que está muito próximo da média para a cidade de Park City. Levando em consideração que eu recebi o Season Pass para esquiar a temporada inteira gratuitamente por ser funcionário da montanha, e possuía um desconto de 20% em todas as lojas e restaurantes, o meu salário acabava rendendo mais do que quem recebia US$10 em algum estabelecimento fora da montanha. Com aproximadamente US$1.400 vivia-se tranquilamente durante o mês. Pagando aluguel, a conta do celular e fazendo o supermercado do mês ainda sobrava uma boa parte do salário. Caso alguma emergência surgisse, o fato de o dólar estar em torno de R$1,80 na época servia para não deixar ninguém em apuros.

Após o término do meu shift, eu ia diretamente para casa. No condomínio onde morei (logo postarei fotos), havia entre 15 a 20 outros brasileiros, e grande parte era de Florianópolis-SC, assim como eu. Isso acabava sendo muito bom, pois como eu era o único funcionário brasileiro da montanha, eu passava o dia inteiro em contato com outros funcionários do mundo todo, falando inglês 100% do tempo e quando chegava em casa encontrava meus amigos para fazermos algo.

Idas ao outlet, cinema, boliche, bares e até boates eram o que fazíamos em nosso tempo livre, além de estar na montanha, é claro. O legal de Park City é que você tem algo para fazer sempre, dificilmente ficando entediado. A cidade oferece inúmeras outras diversões além do snowboard/ski em si. E se isso não for o suficiente, o ônibus 902 SLC-PC Connect te leva a Salt Lake City diariamente logo pela manhã e te oferece o retorno no final do dia, por uma tarifa em torno de US$5,00. Seja para assistir um jogo do Utah Jazz ou ir até um dos três belíssimos shopping centers que a capital lhe oferece, Salt Lake City está sempre a apenas 1h20 de distância de ônibus de você.

Nos meus day-offs, no caso os dois dias que eu tinha de folga por semana, eu os usava para tentar estar na montanha o máximo de tempo possível. Tentava sempre chegar as 8AM para sair as 4PM, e muitas vezes ainda ficando um pouco para o night ski. Uma coisa legal de se fazer também, era aproveitar as folgas quando elas caiam em dias consecutivos para viajar. Houveram duas oportunidades em que os meus day-offs caíram em uma segunda e terça, e depois novamente em uma quinta e sexta. Há a possibilidade, sempre consultando o seu chefe primeiro, de você trocar um dia em que trabalharia em uma semana por trabalhar em alguma outra, encontrando alguém para cobrir para você enquanto você cobrirá para ela na outra semana. Nas duas oportunidades consegui trocar datas com um colega de trabalho, e em ambas conseguimos fazer breves viagens até Las Vegas. O fato de ter uma locadora Hertz em Park City nos ajudava muito nessas viagens de última hora.

Minha moradia

Como eu já havia ido para Park City duas vezes anteriormente, sabia que não havia grande necessidade de ter um carro para se locomover na cidade. O transporte público dá conta e muito bem por sinal, de te levar para todos os lados e gratuitamente. E como dessa vez eu não estava indo para ficar os 15 dias que fico de costume, e sim 3 meses, não valeria o gasto de comprar um carro e mantê-lo, pois alugar por todo o período estava fora de cogitação.

Levando isso em consideração, foquei a minha busca por um local que ficasse próximo do centro da cidade e principalmente da Park City Mountain, devido a ser o meu local de trabalho. Achamos um belíssimo condo na região de Prospector, o Prospector Square Lodge. Coincidentemente, acabou sendo o local onde quase todos que participaram do programa saindo de Florianópolis-SC ficaram hospedados. O condo funciona como um hotel, mas alguns dos apartamentos possuem donos próprios, que alugam para a temporada. Foi assim, entrando em contato diretamente com a proprietária, que conseguimos alugar o nosso apartamento.

Como morei com apenas um amigo, achamos o tamanho do apartamento perfeito para nós dois. Tínhamos um conforto de uma cama de casal para cada um, espaço para guardar as malas de ambos no pequeno depósito e as roupas couberam todas em um único closet que havia no local. A cozinha era completa, não precisamos comprar nada além dos alimentos. O banheiro era espaçoso e a área do chuveiro contava com uma banheira, além de espaço suficiente para alocar ambas as pranchas de snowboard.

Confira as fotos do condomínio e do apartamento em que ficamos durante o programa:

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Após o término do programa e os nossos vistos J-1 terem expirado, ainda tínhamos disponíveis mais 30 dias para ficar legalmente nos EUA, apenas como turistas, em um período de férias que é conhecido como Grace Period. Com as economias que juntamos durante todo o programa, conseguimos alugar um carro em Salt Lake City, passar mais uma vez brevemente por Las Vegas e então partir em direção a Califórnia. Tive a oportunidade de ficar mais 20 dias e fazer a costa da Califórnia inteira de carro, viagem que voltaria a fazer outras duas vezes no futuro, de tão maravilhosa que é.

Ter essa experiência de participar do Work Experience realmente foi algo que mudou muito a minha vida e me ajudou a crescer e amadurecer muito pessoalmente. Não foi à toa que realizei o programa novamente no ano seguinte, trabalhando e morando no mesmo lugar, e nos outros dois anos seguintes trabalhei ajudando as pessoas que tinham vontade de participar desse programa, pois sabia o quanto poderia acrescentar na vida de cada um ter essa experiência.

Para os que ainda estão dentro dos pré-requisitos, eu aconselharia de olhos fechados que pelo menos estudassem a possibilidade de participar do programa. E para os que infelizmente já não preenchem mais os requisitos, que passem a ideia adiante. Seja para o seu filho, sobrinho ou filho de algum conhecido. É uma experiência única, que somente quem volta do programa realmente consegue saber como é!

Além do programa ser uma belíssima fuga para essa alta do dólar, não é mesmo? Afinal trabalhar nos EUA, recebendo em dólar e gastando em dólar sai muito mais em conta do que ficar por aqui, recebendo em reais e gastando em reais, onde o poder de compra é imensuravelmente menor que o de lá.

No final das contas acabei descobrindo o que essa cidade tem de tão especial e que faz querermos voltar lá sempre. Incluindo os dois Work Experiences que participei, no total já visitei a cidade 8 vezes, e não planejo parar por aqui.

Um grande abraço a todos os amigos do Falando de Viagem!

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GabrielDias Mensagens: 41746
Qua Abr 06, 2016 1:13 pm
Excelente! Agora ficou fácil e vai todo mundo querer ir morar e trabalhar em Park City, hahaha.

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baran Mensagens: 10215
Qua Abr 06, 2016 2:27 pm
Muito legal, danielpaludo!

Lamento não ter me interessado por esse tipo de experiência quando estava na faculdade.

Grazielac Mensagens: 26
Qua Abr 06, 2016 2:50 pm
Parabéns pelo relato! Salvei nos favoritos! Muito bem elaborado e detalhado.

Infelizmente também deixei passar, uma pena!

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laricampsou Mensagens: 601
Qua Abr 06, 2016 4:34 pm
Que legal, Daniel!
Eu fiz Work & Travel em 2009/2010, e morei em Lajitas, Texas.
Trabalhei como housekeeper/bell person no Lajitas Golf Resort and Spa:
http://www.lajitasgolfresort.com/" onclick="window.open(this.href);return false;

Foi uma das melhores experiências da minha vida, recomendo o programa a todos que tem oportunidade.

Racgeral Mensagens: 44
Qua Abr 06, 2016 7:53 pm
Parabéns pelo relato. Muita informação. Fiquei com vontade de conhecer.

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JulianaMagalhaes Mensagens: 6026
Qui Abr 07, 2016 11:20 am
Que legal seu relato danielpaludo! Excelente e com muitas dicas!
Também fiz work experience em Park City! Fiz na temporada 2006/2007 e me apaixonei pela cidade. Trabalhei na loja Kinder Sport no Deer Valley e também em restaurantes. Cheguei a ganhar U$11,00 por hora na loja e juntei uma boa grana para viajar depois por Las Vegas e Califórnia. Também morei em Prospector! :)

Não tive a oportunidade de esquiar em PC Mountain e The Canyons pois tinha passe no Deer Valley e nos outros teria que pagar! Mas morro de vontade de conhecer, ainda mais agora que unificaram as montanhas! Conheci Whsitler nessa temporada e fiquei bem impressionada com o tamanho! Imagina PC agora...

Quero muito voltar! A cidade é um charme! Recomendo para todo mundo!

danielpaludo Mensagens: 292
Seg Abr 11, 2016 9:55 am
@GabrielDias @baran @Grazielac @laricampsou @Racgeral @Rafamel e @JulianaMagalhaes,

Muito obrigado pelo apoio pessoal!! Foi minha primeira matéria, fico feliz em ver um feedback tão positivo! :D

@JulianaMagalhaes,
Que legal saber que você também foi para PC e adorou!! O amigo que morou comigo também trabalhou na Deer Valley, ele era Host do restaurante do Stein Eriksen!!
Como ando de snowboard, Infelizmente eu tive que ficar em PC e Canyons.. Deer Valley infelizmente nem que pagasse teria como conhecer hehe :|
Whistler é um sonho meu.. imagino que você deva ter ficado encantada!!

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GabrielDias Mensagens: 41746
Seg Abr 11, 2016 9:59 am
O Stein Eriksen é incrível. Me hospedei lá e amei!





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