Morro Dois Irmãos visto do mirante da Praia do Sancho, uma das mais belas do Brasil.
Se tem um destino de sonhos considerado orgulho nacional, esse é Fernando de Noronha. Linda, protegida, exótica e cara, esse arquipélago vulcânico consegue convencer casais a trocarem viagens internacionais para ter uma experiência de primeiro mundo, em solos tupiniquins.
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Imagens dos espetaculares Morro dos Dois Irmãos e da Baía do Sancho são cartões-postais brasileiros, mas em terra de ferreiro, espeto é de pau, e muitos de nós costumamos deixar para conhecer os arredores de seus quintais, bem depois de rodar o mundo. Pecado quando o destino é Noronha.
Com quase a idade do Brasil - descoberta em 1503 - ela é nossa e cara. Está distante, uma hora de voo do continente (340 quilômetros), e tem ótimas opções de voos com a GOL Linhas Aéreas. Sua estada é controlada e taxada e a regras ambientais e turísticas são tão rígidas não parece que estamos no "infeliz" padrão brasileiro de organização. Todos estes fatores limitam o acesso, o que a torna ainda mais exótica e desejada. Algumas vezes chega a ser mais barato pacotes para o Caribe do que para conhecer a ilha brasileira.
Ela tornou-se a viagem mais cobiçada no Brasil, desejada por casais em lua de mel e amantes dos destinos de praias preservadas. Noronha tem predicados inigualáveis, como a de proporcionar a experiência de estar afastado do continente, mas ao mesmo tempo ter o aconchego de um ambiente familiar, cercado pela cultura e idioma brasileiro, e por pessoas que sabem da importância de preservar a natureza.
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O destino
O arquipélago Fernando de Noronha conta com 21 ilhas em uma área de 26 km2 sendo que somente a principal (homônima) é habitada. Elas estão em uma área protegida como Parque Nacional Marinho e apenas o Ibama é capaz de conceder licença especial para visitar as outras 20, mas isso não significa que a experiência não será completa. Noronha é a mais bela, com 21 praias (nem todas liberadas) e atividades para os mais diversos gostos.
Em um perímetro de 60 km, onde há apenas uma BR de 7 km (a menor do país) - uma semana pode parecer suficiente, mas tudo dependerá de quanto tempo leva sua necessidade de contemplação e de sua gana por esportes e passeios.
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Onde se hospedar
Não há edifícios e nem grandes redes de hotéis, o foco são nas pousadas de charme. Por lá, até a classificação é distinta. As mais luxuosas recebem a qualificação de "Três Golfinhos". É o caso da Pousada Maravilha, provavelmente a mais famosa e luxuosa de todas. Vistas da Baía do Sueste dão o tom no design dos bangalôs, com tentadores ofurôs contemplativos. São cinco funcionários para cada habitação e há serviço de Concierge, além de Spa.
Outra instituição na ilha é a Zé Maria, famosa por receber celebridades. É uma das mais antigas, começou simples e hoje oferece luxo e conforto com opções como o Bangalô Especial, que conta com hidromassagem no deck e vista impressionante do Atlântico e do Morro do Pico. A grande atração é a própria figura do Zé, o personagem mais simpático de Noronha. Outro destaque é o Festival Gastronômico da pousada que acontece quartas e sábados à noite, regada de frutos do mar e pratos regionais nordestinos.
Entre as pousadas mais novas está a Maria Bonita, do casal global Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Inspirados na de Zé Maria, eles decidiram abrir a própria choupana em um estilo de refúgio rústico, com muitas peças de artesanatos e arte em madeira.
A Triboju é outra relativamente nova, com know-how de realizar casamentos para grupos pequenos. A pousada realça a bandeira de sustentabilidade, por seus programas de reciclagem, uso consciente de energia, madeiras de reflorestamento e painéis solares. Vale ainda conferir a estrutura da Pousada Solar de Loronha (com L mesmo), que afirma ter a piscina com a vista mais linda ilha.
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Explorações em terra
Há duas modalidades que precisam ser feitas para desbravar a ilha. Uma delas é a trilha. Há várias como a histórica, que passa pela Praia do Americano, pelas ruínas do antigo Forte de São Pedro do Boldró, de onde avista-se o Morro dos Dois Irmãos. Segue-se pela encosta até o Morro do Pico, Praia da Conceição e, enfim, à Vila dos Remédios, onde estão preservados antigos casarões, igreja, forte e ruínas de antigos presídios.
São compulsórias também duas mais intensas, como a que vai pela orla até a Praia do Leão, umas das mais lindas do país. Outra forte, de quase cinco horas, é a do Atalaia com saída da Vila dos Remédios e que avança entre as praias do Cachorro, Meio e Conceição. No caminho, sempre mirantes naturais de tirarem o fôlego. Como recompensa, o guia terá a piscina natural do Atalaia como bálsamo, outro cartão postal dessa bela vulcânica.
É divertidíssimo alugar um buggy. É a liberdade de chegar a diferentes pontos de Noronha para quem não tem tantos dias de sobra. Facilita, por exemplo, para acessar a midiática Cacimba do Padre, que juntamente com Boldró e Conceição formam o trio dos "picos" de surfe da ilha, e sem dúvida, entre janeiro e fevereiro, um dos melhores lugares do Atlântico para a prática.
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E claro, aquela que não podia faltar, a Praia do Sancho, que já foi eleita pelo site TripAdvisor como a mais linda do mundo. O acesso é com buggy, por uma pequena trilha, e por fim uma escadaria bem íngreme, não recomendada para idosos com problemas no joelho. Quem não pode descer, contenta-se com a cinematográfica visão da baia homônima da praia, verdadeiramente emocionante. Já para quem irá encarar a escada, terá que enfrentar o dilema de não querer mais embora de um lugar tão lindo.
Explorações no mar
Um passeio de barco se faz necessário. Principalmente o celebre e espetacular pôr do sol próximo ao Morro Dois Irmãos. Parte do Porto de Santo Antônio, passando pelas praias da Biboca, Cachorro e Conceição. Desse mesmo porto saem o outro passeio mais procurado que envolve mergulhos de snorkel e a famosa observação dos golfinhos na baía homônima. As agências vendem o pacote chegando a garantir 90% de chance de avistá-los. Realmente é raro o turista desembarcar frustrado. O tour marítimo dá uma volta de 360 graus na ilha.
Para aqueles que não possuem certificação de mergulho, busque tirá-lo antes da viagem. A carteirinha de mergulhador dará ao casal a oportunidade de imergir no mais fantástico local do país, e um dos top 20 no mundo. É possível também fazer o batismo por lá, mas a autonomia de já estar certificado e poder fazer descidas mais complexas é valiosa. São mais de 20 pontos de mergulho que vão de naufrágios até paredões de corais, repletos de vida marinha, protegida pelo santuário do Parque Nacional.
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Gastronomia
O que vai à mesa em Noronha é coisa séria. Tem até associação de bares e restaurantes que promovem uma profusão de frutos do mar e pescados frescos presentes em pequenas pousadas e restaurantes simples, até outros mais sofisticados, como o próprio Festival do Zé Maria.
Considerado como o embaixador da mesa de Noronha, o premiado chef Auricélio Romão, comanda os restaurantes Varanda e Cacimba. Seus pratos com toques do sertão nordestino e do litoral são trabalhados em cores e belas apresentações, tudo com sensata criatividade. Sua paella de frutos do mar é algo de outro mundo.
O prato símbolo de Noronha é o peixe feito na folha de bananeira, mas há até barracudas cozidas nessa forma rústica. Um dos locais para provar bons peixes assados é no descontraído Bar do Duda Rei, na Praia da Conceição. Adicione em sua lista também o Xica da Silva. Comandado pela coreana Hea Soun Shin, ela fez de sua choupana um pequeno recanto gourmet. As pratas da casa são o peixe mestiço e o pudim de leite.
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Quando ir
A ilha possui clima quente durante o ano todo, mas apresenta meses específicos para quem curte diferentes atividades esportivas. Os amantes do surfe devem ir à ilha nos meses de janeiro e fevereiro, quando o swell transforma algumas praias em verdadeiros templos do esporte.
Já os adeptos ao mergulho devem visitar Noronha nos meses de setembro e outubro, quando o mar é mais calmo e favorável ao esporte. Neste período, a visibilidade da água pode chegar a 50 metros e a diversidade de vida marinha é riquíssima.
Nos meses de férias escolares brasileiras - dezembro, janeiro, fevereiro e julho - a ilha fica mais cheia e os preços sobem. Em abril, maio e junho as chances de encontrar a ilha mais tranquila e com valores acessíveis é maior.
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Boa viagem!
Texto: Carlos Marcondes - Instagram @carlosamarcondes.
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