Roteiro de 5 dias pelo norte da Argentina, entre Jujuy, Salta e Cafayate

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falandodeviagem Mensagens: 19851 Administrador
Sex Dez 02, 2022 2:13 pm
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A Argentina é um país extremamente familiar para os viajantes brasileiros. Mas apesar de ser tão conhecido, existem regiões maravilhosas dentro da nação portenha que ainda não foram totalmente descobertas por nós. É comum o turista ficar restrito às cidades mais famosas, como Buenos Aires, Bariloche e Mendoza, mas a Argentina é muito mais do que isso! E um dos principais tesouros a serem explorados é o Norte Argentino. Com uma vasta área que engloba desde a zona próxima à fronteira com Chile e Bolívia, em Jujuy, até a região vinícola de Cafayate, passando pela urbana Salta, você pode dedicar um roteiro de alguns dias para este pedaço do paraíso dos vinhos, das empanadas e das paisagens de montanha.

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Fiz um roteiro de 5 dias no Norte Argentino e vou detalhar para você os lugares que conheci nessa viagem. A melhor forma de chegar lá é por Salta, cidade central para a rota, que conta com um bom aeroporto internacional, com voos diretos operados sazonalmente pela Aerolineas Argentinas de São Paulo para lá. Dependendo do horário de chegada, você pode já seguir para San Salvador de Jujuy (cerca de 2 horas de carro), onde se iniciou meu roteiro. Também é possível chegar em San Salvador de Jujuy fazendo conexão em Buenos Aires (chegar por lá e partir por Salta pode ser uma boa opção para otimizar o roteiro).

Jujuy (dias 1 e 2)

Província no remoto noroeste argentino, na fronteira com os desertos do Chile e da Bolívia, Jujuy quase nos faz esquecer que estamos no país de Maradona. Seja pela fisionomia dos locais, mais parecida com a dos povos andinos, seja pela culinária local, com prevalência de grãos como a quinoa em detrimento das carnes, ou pelas paisagens, que passam longe de lembrar os picos nevados da Patagônia ou o ar cosmopolita de Buenos Aires. É quase como se fosse um outro país dentro da Argentina.

San Salvador de Jujuy é a capital da província. A cidade em si não tem nada de especial, e não chega a ser propriamente bonita. Mas é uma boa base, com hotéis com boa estrutura, como o Howard Johnson by Wyndham Plaza Jujuy, em localização central. O negócio é sair de lá cedo, e dedicar o dia às belezas interioranas da província. Dependendo do período de sua viagem, você pode dedicar 2 dias inteiros a Jujuy. Se o tempo estiver apertado, dá para condensar em um dia inteiro, mas vai ser bem corrido.

Partindo da base em San Salvador de Jujuy, a primeira parada pode ser feita no cartão-postal da região: o Morro das Sete Cores, ou Cerro de los Siete Colores. O período da manhã é o mais indicado para o passeio, já que é quando os raios de sol incidem mais diretamente sobre o morro, destacando as sete cores que compõem a formação rochosa. A variada paleta de cores é resultado de uma complexa história geológica, que inclui sedimentos marinhos, lacustres e fluviais elevados por movimentos tectônicos. A paisagem é linda!

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O Cerro de los Siete Colores fica no charmoso povoado de Purmamarca. Ao redor do morro, há diversas trilhas que podem ser feitas, revelando paisagens montanhosas igualmente bonitas. Uma voltinha pelo vilarejo é outro programa indicado. Uma ótima oportunidade para comprar artesanato local, roupas de lã e provar típicas empanadas de quinoa. O combo paisagens + trilhas + vilarejo rende um agradável passeio de dia inteiro.

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O segundo ponto obrigatório na região fica a 2 horas de carro de San Salvador de Jujuy. Passando por uma estrada a 4.170 metros de altitude, com paisagens magníficas, chegamos em Salinas Grandes, o segundo maior deserto de sal do mundo! Um lugar surreal, com uma paisagem diferente de tudo que já vimos. Muito se fala do Salar de Uyuni, na Bolívia, mas a Argentina também possui sua versão, mais acessível e com menos perrengue.

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O que era um grande lago de água salgada há milhões de anos, hoje é uma imensidão de sal que rende inúmeras fotos surreais. Há duas formas de conhecer Salinas Grandes: hospedando-se no Pristine Camps, glamping de luxo em meio ao deserto de sal, com alguns quartos-iglus em meio à imensidão da paisagem; ou fazendo o bate-volta a partir de San Salvador de Jujuy. Neste caso, paga-se mil pesos por veículo, com um guia que vai junto no carro desde a entrada. Mesmo que você não esteja hospedado no Pristine Camps, vale a pena pelo menos almoçar no restaurante do glamping, que serve uma comida deliciosa.

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Salta (dia 3)

Adicionando um pouco de cenário urbano ao roteiro, a cidade de Salta, capital da província de mesmo nome, é um respiro muito bem-vindo às paisagens áridas do Norte da Argentina. Aqui, já percebemos uma mistura entre as tradições andinas e a modernidade, o que dá um ar bem charmoso ao destino.

O ponto central de Salta é a Plaza 9 de Julio, coração do Centro Histórico, onde estão pontos importantes, como o Cabildo (antiga sede da prefeitura) e a catedral. A uma quadra dali, a bonita Basílica e Convento de São Francisco, com seu exterior em tons de ocre, é bem chamativa, e tem uma das mais altas torres de sinos da América do Sul. As ruas ao redor possuem ótimas lojinhas para compra de souvenires típicos. Ainda na região do Centro Histórico, vale muito a pena visitar o MAAM (Museu de Arqueologia de Alta Montaña), onde estão expostos achados de um antigo santuário inca, incluindo as múmias de Llullaillaco, uma das descobertas arqueológicas mais importantes dos últimos tempos, que nada mais são do que os corpos mumificados de três crianças incas, oferecidas em um ritual de sacrifício, tendo sido encontradas muito tempo depois, perto do topo de um vulcão. Para uma vista panorâmica da cidade, a pedida é subir de funicular o Cerro San Bernardo.

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Impossível sair de Salta sem provar as típicas empanadas salteñas. O Adobe Cocina Regional é um restaurante local com excelente comida e ótimo atendimento, e fica bem na Plaza 9 de Julio. As empanadas ali servidas encantam, da apresentação ao sabor.

Salta conta com opções variadas de hotéis. Nós nos hospedamos no Sheraton Salta, uma ótima opção, com localização central, piscina e uma bonita vista.

Quebrada de las Conchas, Cafayate e Quilmes (dias 4 e 5)

Saindo de Salta, é hora de seguir cerca de 3 horas de carro até o próximo destino: a região vinícola de Cafayate, famosa pela produção do vinho branco torrontés, de toques frutados, típico desta região de clima seco e elevadas altitudes. É a segunda maior região produtora de vinhos da Argentina, perdendo apenas para Mendoza.

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Mas não são só os amantes de vinhos que se dão bem com uma esticada até Cafayate. O caminho de Salta até lá pode parecer longo, mas é certamente um dos mais cênicos da América do Sul. Ao longo da estrada, paisagens incríveis se formam em meio às montanhas e à aridez do cenário, principalmente no trecho conhecido como Quebrada de las Conchas, com cânions, penhascos e formações rochosas de cair o queixo. Foi o ponto alto do roteiro para mim, junto com Salinas Grandes. As imagens falam por si só.

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Entre as muitas vinícolas em Cafayate, vale a pena visitar a Bodega El Esteco, uma das principais produtoras da região, que oferece visitas guiadas e degustações. Nos arredores da cidade, entre as vinícolas, há charmosos hotéis, como o sofisticado 5 estrelas Grace Cafayate, e o charmoso Altalaluna Hotel Boutique & Spa.

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A cidadezinha de Cafayate, embora pequena, é charmosa, e conta com opções mais simples de hotéis. Não deixe de jantar em uma peña folclórica, algo bem típico do Norte Argentino. São bares ou restaurantes com acompanhamento musical, geralmente de um conjunto tocando canções típicas da região e da história argentina. Gostei muito da experiência no Doña Argentina Espacio Cultural, que fica bem no Centrinho de Cafayate.

A 1 hora ao sul de Cafayate, vale a pena visitar o sítio arqueológico de Quilmes, não só para aprender sobre a história dos antigos quilmes, povo originário da região, exposta em um interessante museu e em apresentações culturais que sempre ocorrem ali; mas também pela incrível paisagem desértica ao redor, com gigantescos cactos que rendem belas fotos. É um ótimo bate-volta, que pode ser combinado com uma tarde de exploração pelas vinícolas e paisagens de Cafayate.

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No dia seguinte, é hora de seguir de volta para Salta, e de lá, voltar para casa, ou quem sabe combinar com um stopover da Aerolineas Argentinas em Buenos Aires, fechando com chave de ouro um mergulho cultural pela Argentina.

Quem sabe em sua próxima viagem à Argentina, seus olhos possam se voltar para além do tango e da neve, mirando em uma região autêntica, extremamente orgulhosa de sua história e suas tradições, com paisagens de tirar o fôlego! O Norte Argentino rende um mergulho gastronômico, vinícola, cultural e e de natureza como poucas regiões do mundo são capazes de oferecer. Definitivamente, um tesouro pronto para ser descoberto!

Boa viagem!

Texto e fotos: Fabio Calderon.

E você, conhece o Norte da Argentina? Qual foi o seu roteiro? Gostou? Recomenda? Conte para nós a sua experiência!
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