Relato de viagem: a volta para casa depois de 3 meses preso no exterior

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Daniel Mensagens: 1
Qua Mai 27, 2020 11:55 am
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Saí do Brasil em fevereiro a trabalho, rumo à Gana, a bordo da embarcação onde trabalho. Com a previsão de retornar de Gana, na África, assim que chegasse. Quando saí do Brasil a pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19) era pouco falada - eram apenas 2 casos no Brasil, enquanto na Europa só se preocupava com a Itália e em menor grau a Espanha.

Duas semanas depois, ao chegar a Gana, já era inviável outro tripulante, vindo da Europa, chegar ao navio para que eu pudesse regressar. Fiquei preso, sem ter o que fazer. Lá em Gana a situação estava controlada, pois o governo decidiu fechar as fronteiras enquanto o País apresentava apenas poucos casos.

Após semanas de incertezas navegamos para Las Palmas, ilha pertencente à Espanha, onde as restrições começaram a ser reduzidas. A maior parte dos países apresenta algumas medidas mais flexíveis quando se trata de trânsito de tripulantes repatriados.

Após três meses longe de casa comecei meu retorno: o itinerário passou por Las Palmas, Barcelona, Frankfurt, Guarulhos - SP e Santos Dumont - RJ.

A volta para casa

Ao desembarcar no Porto de Las Palmas a confiança de que tudo ia dar certo era grande, mas ainda restava uma preocupação se realmente iria conseguir entrar no país. A imigração foi via agente, para evitar contato físico, e deu tudo certo. O aeroporto da ilha é bem pequeno e estava completamente deserto.

Las Palmas x Barcelona

Peguei um voo operado pela Vueling e desde o check-in até o voo foram respeitadas as medidas preventivas como uso de máscaras e distanciamento social. As filas eram intercaladas por espaços vazios de modo a manter o distanciamento. Na hora de despachar as malas também era necessário manter uma distância da funcionária, de forma a reduzir o contato.

No voo não foi diferente: voando com apenas dois terços da capacidade a empresa se preocupou em manter um assento livre entre cada passageiro, o que nos traz um pouco mais de tranquilidade. Não ouve serviço de bordo.

Na hora de sair do avião também foi de maneira organizada, liberaram fileira por fileira, sob a instrução da tripulação. Dessa maneira saímos do avião de forma organizada, mantendo o distanciamento e de forma mais ágil. Fica a ideia para todas as companhias para o futuro.

Barcelona x Frankfurt

Chegando ao Aeroporto de Barcelona também se notava a preocupação com a crise sanitária. Apesar de não passar por nenhum controle, pois vinha de voo nacional, a cada dois minutos havia um anuncio sonoro lembrando a obrigação de se usar máscaras a todo momento. Com a exceção de um único snack bar, que só aceitava 4 pessoas de cada vez, tudo estava fechado. Todas as lojas, Duty Free e outros restaurantes estavam desertos.

A entrada de pessoas no aeroporto só era permitida para quem tinha voo marcado, caso contrário a pessoa não poderia entrar, o que facilitou muito a manter o distanciamento social requerido. Contudo, na hora do check-in, uma pequena aglomeração se formou, ainda que as pessoas tentassem se manter distantes uma das outras.

O voo para Frankfurt era da Lufthansa e enquanto aguardava para o embarque o aeroporto parecia deserto, mas conforme a hora do embarque se aproximava mais gente chegava ao portão. Uma aglomeração se formou e o distanciamento não foi respeitado.

Dessa vez, o avião estava voando com toda a capacidade e a empresa não respeitou o distanciamento. Toda a tripulação estava utilizando o EPI adequado e os passageiros também tinham que usar máscara a todo instante, apesar de se notar muitos utilizando de forma errada. Nesse voo também não houve serviço de bordo. A saída do avião, já em Frankfurt se deu de maneira completamente desordenada e uma aglomeração se formou novamente.

Frankfurt x Guarulhos

Chegando a Frankfurt a cena era impactante. Um controle muito rígido de quem chegava ao país. Fui interrogado sobre meu destino final, de onde estava vindo e tive que mostrar a passagem seguinte. Dava para notar as pessoas tensas, incertas se conseguiriam prosseguir ou não. Durante minha entrada notei algumas pessoas impedidas.

O aeroporto estava bem mais cheio que o de Barcelona e, mais uma vez, a maior parte dos estabelecimentos estavam fechados, com a exceção de dois ou três snack bar. Apesar das medidas, se notava alguns funcionários do aeroporto sem utilizar máscaras, inclusive operadores do raio-X e seguranças.

Ao embarcar, novamente houve aglomeração. O voo era composto praticamente só por brasileiros. Apesar das instruções de embarque por grupo, a tradicional fila gigantesca se formou e o distanciamento não foi respeitado. O avião da Lufthansa mais uma vez voou com capacidade máxima. Dessa vez, por ser um voo mais longo, de 12 horas, o serviço de bordo foi mantido. Logo no início do voo cada passageiro recebeu uma garrafa de um litro e meio de água, de forma a reduzir o contato com os tripulantes em vários pedidos por água.

Veja algumas fotos do aeroporto:

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A recomendação era de que todos utilizassem máscaras durante todo momento, medida que era impossível na hora do jantar e café da manhã servidos a bordo.

Na hora do desembarque, novamente a desordem reinou, não havendo qualquer instrução por parte da companhia para que fosse feita de forma ordenada.

Guarulhos x Santos Dumont

Chegando a Guarulhos já se notava a falta de organização na hora de pegar as malas. Uma grande aglomeração se formou em torno da esteira e, desconsiderando as máscaras, parecia que não havia uma crise sanitária. Passar pela alfândega foi tranquilo e não vi ninguém sendo parado, apesar de chegar ao mesmo tempo que um voo de Miami.

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Para minha surpresa o Duty Free Dufry de São Paulo estava aberto, funcionando normalmente, e quando vi o tamanho da fila para os caixas nem passou pela minha cabeça tentar comprar alguma coisa. No saguão de embarque a cena não era diferente. Havia muitas lojas e restaurantes abertos e, diferente dos poucos snack bar abertos na Europa, dessa vez era permitido o consumo no interior dos mesmos. Perguntando aos funcionários dos restaurantes, me foi relatado que o funcionamento segue normal.

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O voo da LATAM estava vazio, o embarque foi feito de forma ordenada, todos instruídos a embarcar por grupos, permanecendo sentados até que o seu grupo fosse chamado. Uma vez no avião fomos instruídos a utilizar máscaras durante todo o momento e o distanciamento foi mantido. Acredito que se o voo estivesse lotado a situação seria bem diferente.

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Impressões finais

É notável a preocupação dos passageiros com a crise sanitária, mas parece que o bom senso é deixado de fora na hora de formar filas e manter o distanciamento. A impressão é de que as medidas adotadas se resumem em: álcool gel, máscara e distanciamento social - esse último somente quando convém às empresas.

A sensação nos voos lotados é de que não estamos protegidos de forma alguma, mesmo utilizando máscaras. O voo da Vueling e da LATAM foram os únicos em que a sensação era de proteção, por isso acredito não ser o melhor momento para se frequentar aeroportos.
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GabrielDias Mensagens: 41746
Qua Mai 27, 2020 1:37 pm
Fazer 4 voos para voltar para casa é tenso. Que bom que deu tudo certo!

No final, você resumiu bem: "distanciamento social - esse último somente quando convém às empresas".

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Hugomarcio Mensagens: 3750
Qua Mai 27, 2020 6:30 pm
Uma verdadeira aventura. Ainda bem que no final deu tudo certo. Mas fico imaginando a tensão do Daniel enquanto aguardava para embarcar nos aviões.

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Fabio Mensagens: 8900
Qui Mai 28, 2020 1:53 am
Que epopeia!

Imagino que se alguem fosse parado pela alfandega, bastaria tossir para ser imediatamente liberado. hahahahahah

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JulianaMagalhaes Mensagens: 6026
Qui Mai 28, 2020 8:37 am
Nossa que novela esse retorno! Ficar em Gana tanto tempo com esse cenário de incertezas deve ter dado muita aflição. No avião só penso em uma possível crise de espirros alérgica! Rs acho que jogariam pela janela hahaha

Mas que bom que deu certo e está de volta! Achei um absurdo os restaurantes abertos normalmente em GRU.

Adriana Mensagens: 2231
Sex Mai 29, 2020 11:58 am
Wow! Que dificuldade, mas que bom que chegou bem em casa.





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