A vacinação em solo norte-americano é o momento de saborear a conquista de uma viagem trabalhosa, custosa e arriscada. Quando tudo dá certo, a sensação é maravilhosa! Mas antes de cantar vitória, é preciso observar algumas medidas importantes.
Foram horas de planejamento e muitos momentos de dúvida antes de embarcar. Depois, 15 dias de quarentena em algum lugar da América Latina aberto para brasileiros. Uma longa espera para finalmente embarcar rumo aos Estados Unidos. É a parte final da viagem, mas também a mais importante. Tanto o processo de entrada em solo norte-americano, como a própria vacinação, geram diversas dúvidas em quem parte rumo a esta aventura. Vou tentar esclarecer todas elas a seguir, na parte 3 da série de matéria sobre o “turismo da vacina”.
Antes de começar, leia as partes 1 e 2 se ainda não leu:
- Turismo da Vacina nos EUA - Parte 1: vale a pena planejar uma viagem para se imunizar em outro país?
- Turismo da Vacina nos EUA - Parte 2: como é a experiência de quarentena em outro país?
Preciso fazer um teste da COVID-19 antes de entrar nos Estados Unidos?
Sim, precisa. Os Estados Unidos atualmente exigem, como algo OBRIGATÓRIO para o embarque, que cada passageiro realize um teste antígeno ou PCR no máximo até 3 dias antes do voo. Supondo, por exemplo, que seu embarque seja na sexta-feira, você poderá fazer seu exame a partir de terça-feira.
Como faço para marcar meu exame?
Boa parte dos BONS resorts all-inclusive em destinos como Cancún e Punta Cana oferecem o teste antígeno gratuitamente para seus hóspedes. O agendamento costuma ser feito no check-in, ou durante a estadia. Quem preferir fazer o PCR, na maioria das vezes tem que pagar um valor à parte. A coleta geralmente é feita dentro do hotel. Já se você estiver em uma casa ou em um apartamento alugado, terá que procurar um laboratório de confiança no lugar onde estiver, onde possa fazer o teste seguindo os padrões internacionais, com laudo em inglês e no formato exigido pelas autoridades norte-americanas. NÃO tente bancar o(a) espertinho(a) e comprar um laudo falso, pois fora a desonestidade extrema, as chances de você ser descoberto(a) e ter problemas sérios com as autoridades locais não são pequenas.
Qual a diferença entre o teste antígeno e o PCR?
Ambos usam um método parecido, de coleta nasofaríngea com um cotonete, detectando a presença do vírus através da saliva e de secreções mucosas. Mas o PCR é um pouco mais completa e tem uma margem de acerto consideravelmente maior. Mesmo assim, ambos são aceitos pelas autoridades norte-americanas. O teste antígeno costuma ter resultado instantâneo, com o laudo sendo entregue por e-mail no mesmo dia. O PCR pode demorar um pouco mais.
E se eu me recusar a fazer o teste ou se fizer fora do prazo?
Você simplesmente não conseguirá nem embarcar para os Estados Unidos. Tampouco conseguirá voltar para o Brasil, que exige teste PCR de todos os passageiros atualmente.
E se meu teste der positivo para a COVID-19?
Lamento informar, mas você terá que ficar 2 semanas em quarentena dentro do quarto do hotel ou dentro de um imóvel alugado. Não poderá embarcar nem para os Estados Unidos e nem para o Brasil. Por isso, é imperativo redobrar os cuidados durante os 15 dias de quarentena. Alguns BONS hotéis oferecem a acomodação de graça durante o período da quarentena para quem testar positivo para o coronavírus.
Uma vez feito o teste, como faço para apresentá-lo para as autoridades e conseguir embarcar?
Você provavelmente receberá o laudo em seu e-mail. Confira se está tudo certo, inclusive se os dados pessoais estão corretos, e salve uma cópia do resultado em seu celular. Recomendo também pedir para o hotel imprimir uma via. Muitas companhias aéreas utilizam agora um aplicativo onde você faz o upload de todas as informações antes do embarque, inclusive do resultado de seu exame. A American Airlines, por exemplo, utiliza o VeriFLY, aplicativo de fácil navegação, onde você cria um perfil com seus dados e vai fazendo o upload dos documentos e preenchendo as informações pré-embarque. Quando chegar ao balcão do check-in do voo para os Estados Unidos, terá que apresentar novamente o resultado do teste.
De quais documentos eu vou precisar, além do laudo do teste?
Você também precisará assinar digitalmente uma declaração de saúde (“passenger attestation form”), atestando que as informações fornecidas a respeito do teste para a COVID-19 são verdadeiras. Você consegue acessar o formulário pelos aplicativos utilizados pelas companhias aéreas - como o supracitado VeriFLY, usado pela American Airlines -, ou pelo site do CDC. Além da declaração de saúde, se você estiver usando o VeriFLY ou um aplicativo similar, deverá antes de mais nada criar um perfil com sua foto (com fundo neutro), inserir os dados do passaporte e do seu voo e fazer o upload do laudo do teste para a COVID-19, que será então analisado pela equipe do app. Uma vez que tiver cumprido todos os requisitos, você receberá uma mensagem de que está pronto para embarcar.
É muito importante que você faça o download do aplicativo utilizado pela companhia aérea que te levará para os Estados Unidos. Ele agilizará muito todo o processo. Também recomendo fazer o check-in on-line, 24 horas antes do horário de partida do voo.
Vão conferir mais alguma coisa no check-in, além destes documentos?
Sim, vão olhar a sua data de entrada no destino de quarentena, para verem se você cumpriu com as 2 semanas completas fora do Brasil. A verificação costuma ser feita pela conferência do carimbo no passaporte, e podem pedir também o comprovante de reserva no hotel onde você fez a quarentena.
Preciso pré-agendar minha vacinação?
Não necessariamente. Se você quiser garantir, pode deixar pré-agendado nos sites dos supermercados e farmácias que estão aplicando os imunizantes, como Walmart, Publix, Walgreens, CVS, entre outros - o agendamento costuma abrir uma semana antes. Mas mesmo nestes lugares, você já consegue chegar e se vacinar sem ter marcado hora. E nos pontos de vacinação administrados pelo governo (seja no formato drive-thru ou walk-in), é só chegar, não é preciso marcar hora.
Fiz tudo certinho e embarquei para os Estados Unidos. Mas meu maior medo é a imigração quando eu chegar lá
Absolutamente normal ter esse receio. Esse era um dos meus grandes medos também. Pela MINHA experiência, posso dizer que foi bastante tranquilo, muito mais do que eu estava esperando. Entrei nos Estados Unidos pelo Aeroporto de Miami (MIA) e o oficial me fez as mesmas perguntas de sempre: quanto tempo pretendia ficar; quanto dinheiro estava trazendo comigo; e qual era o motivo da minha viagem. E logo em seguida, fui liberado. Só tirei a foto, nem precisei passar as impressões digitais na maquininha de leitura dessa vez.
Mas, por outro lado, já recebemos alguns POUCOS relatos de pessoas que foram mais questionadas, ou que tiveram que ir para a famosa salinha para prestar mais esclarecimentos. Mas mesmo nestes poucos casos, não ouvimos falar de ninguém que foi deportado. Qualquer que seja seu caso (entrada fácil e rápida ou um interrogatório maior na imigração), vale a dica de ouro: SEMPRE diga a verdade, de forma clara e direta. Não enrole, não minta e não conte sua vida inteira ao oficial.
Perguntas diretas, respostas diretas. Lembrando que não garanto a ninguém a entrada nos Estados Unidos. Estou apenas contando a minha própria experiência e os relatos que tenho recebido, mas quem aperta o gatilho é VOCÊ, e sempre haverá um risco, ainda que muito pequeno, de que você tenha sua entrada nos Estados Unidos negada (com ou sem pandemia).
Posso dizer que vou fazer turismo nos Estados Unidos?
Sejamos pragmáticos, do jeito que os norte-americanos gostam: você vai passear um pouco na sua cidade de destino nos Estados Unidos, certo? Vai comer fora, vai tirar fotos, fazer compras, vai se hospedar em um hotel ou um imóvel de temporada, vai gastar seus dólares lá... isso é considerado lazer, turismo. A vacina ocupará alguns minutos da sua viagem, e não vários dias inteiros. E mesmo o momento da imunização pode ser considerado parte do passeio, afinal, não é todo dia que a gente se vacina na Times Square ou dentro de um shopping em Miami.
Se você vai aproveitar a viagem para fazer algum negócio profissional, então diga que o motivo da sua viagem é “business”. Se vai passear, com ou sem vacina, sozinho ou com sua família, diga que é “tourism/leisure”. É a famosa regra de ouro: diga a verdade sempre, de forma clara e direta. Os Estados Unidos estão com a rotina praticamente normalizada e você falar que vai fazer turismo não será mal visto.
E se o oficial perguntar se eu vou me vacinar? Ou devo dizer isso espontaneamente?
Diga a verdade, sempre. Se perguntarem, responda que se possível, você pretende tomar a vacina. Não achamos necessário dizer sem ser perguntado(a), pois o oficial da imigração não quer saber detalhes da sua vida. Perguntas diretas, respostas diretas.
Entrei nos Estados Unidos! Consigo me vacinar no mesmo dia?
Dependendo do horário de chegada do seu voo, sim! Eu cheguei ao meio-dia e me vacinei antes das 4 da tarde, no mesmo dia! Conforme escrevi acima, não é necessário fazer pré-agendamento, portanto se você chegar a um dos locais de imunização antes do horário de encerramento e houver vacina disponível, conseguirá receber sua dose.
Consigo me vacinar em qualquer estado?
Não sei detalhadamente de antemão as políticas de vacinação de cada um dos 50 estados que compõem os Estados Unidos. Estou me baseando nas atuais políticas dos três estados mais procurados por turistas brasileiros: Flórida, Nova York e Califórnia. Os três estão vacinando sem pedir comprovante de residência. Acredito que, devido à ampla oferta de imunizantes, seja relativamente fácil conseguir se vacinar nos demais estados também.
Como faço para saber onde estão aplicando vacinas?
Os sites oficiais dos governos são fontes sempre confiáveis. Entre na página do condado onde você pretende se vacinar (e também nas dos condados vizinhos) e provavelmente você encontrará todos os endereços mantidos pelo governo. O site da cidade de Nova York também tem uma página atualizada em tempo real, com os locais de imunização indicados. E o site do jornal Miami Herald tem um mapa interativo de toda a Flórida, atualizado em tempo real, mostrando onde há vacinas disponíveis naquele instante (e muitas vezes, de qual fabricante). Além disso, você também pode consultar a disponibilidade de vacinas nos sites dos supermercados e farmácias citados anteriormente, filtrando pelo CEP onde você estiver localizado. Caso já tenha pré-agendado sua imunização, é só seguir direto para o local, no dia e hora marcados.
Quais são as vacinas disponíveis nos Estados Unidos atualmente?
Pfizer – 2 doses, com intervalo de 3 semanas.
Moderna – 2 doses, com intervalo de 4 semanas.
Janssen – 1 dose, justamente por isso é a mais procurada por turistas estrangeiros.
Posso escolher qual vacina tomar?
Na prática, você pode. Os Estados Unidos estão com tantas vacinas sobrando, que você consegue encontrar facilmente aquela que prefere tomar, mesmo que às vezes tenha que procurar mais um pouco. Os próprios sites dos governos locais e dos estabelecimentos que estão aplicando as doses costumam mostrar quais são as vacinas sendo aplicadas em cada localidade.
Vou viajar com crianças: consigo vaciná-las também?
No momento (maio/junho de 2021), apenas a vacina da Pfizer tem sido aplicada em crianças de 12 anos ou mais. Moderna e Janssen, apenas para maiores de 18 anos. Se você pretende imunizar algum menor de idade com mais de 12 anos, terá que se programar para ficar pelo menos 21 dias inteiros nos Estados Unidos, para dar tempo de tomar as 2 doses da vacina da Pfizer.
Ouvi falar que é mais difícil encontrar a vacina da Janssen, é verdade?
A vacina da Janssen foi aprovada depois da Pfizer e da Moderna, e tem alguns gargalos na produção e distribuição. Além disso, ficou suspensa por alguns dias em abril, devido à investigação sobre possíveis, e raríssimos, casos de coágulos que surgiram em algumas mulheres que haviam se imunizado com ela. Mas nas principais cidades procuradas pelos brasileiros, como Miami e Nova York, temos visto disponibilidade de vacinas da Janssen toda semana.
Em Nova York, é a vacina mais aplicada nos turistas que se imunizam em pontos como a Times Square. E o Publix, por exemplo (rede de supermercados presente em toda a Flórida), aplica a Janssen, sendo possível pré-agendar sua imunização pelo site da empresa.
Quais documentos preciso apresentar para tomar a vacina?
Na maioria dos casos, apenas o passaporte. Lembrando que estou falando baseado nas atuais políticas dos três estados mais procurados por turistas brasileiros - Flórida, Nova York e Califórnia. O máximo que pode acontecer é perguntarem se você presta algum tipo de serviço, negócio ou trabalho naquele estado, e aí você responde verbalmente que sim. Mesmo porque muitos consideram que, ao gastar dinheiro em determinado destino como um turista, você está fazendo negócios lá. Mas as chances de perguntarem algo são baixas. Na maioria das vezes, vão somente pedir o passaporte mesmo.
Vou receber alguma espécie de comprovante de vacinação, mesmo sendo estrangeiro(a)?
Sim, você receberá o cartão de vacinação do CDC, com suas informações pessoais, a vacina que tomou, o lote e a data da imunização. Guarde este cartão com MUITO cuidado, pois ele provavelmente funcionará como uma espécie de passaporte sanitário em um futuro próximo. Tire cópias plastificadas e mantenha sempre o original em local seguro. Se for viajar para outro lugar, leve a via original com você.
Posso retornar ao Brasil logo após tomar a dose única da Janssen ou a segunda dose da Pfizer/Moderna?
O ideal é esperar pelo menos 3 dias após tomar a vacina, pois as eventuais reações costumam aparecer nos dois primeiros dias após a imunização. É raro acontecer, mas você não vai querer viajar não sei quantas horas em um avião com febre, dor e calafrios.
Preciso fazer algum exame para a COVID-19 antes de retornar ao Brasil?
Sim, precisa. O Brasil exige que se faça um teste PCR até 72 horas do horário de embarque do voo.
ATENÇÃO: são 72 horas antes e não 3 dias antes. Logo, se seu voo sai na quinta-feira à noite, por exemplo, não adianta fazer o exame na segunda-feira de manhã. Você só poderia realizá-lo a partir de segunda-feira à noite. Nossa recomendação é fazer o teste dois dias antes do voo, assim dá tempo suficiente para o resultado ficar pronto. No meu caso, meu voo saiu na quinta-feira à noite, e eu fiz a coleta na terça-feira de manhã. O resultado negativo chegou em meu e-mail na quarta-feira à noite. Lembrando que é obrigatório que seja o teste PCR, com resultado em inglês, espanhol e/ou português. Teste antígeno não será aceito para embarcar ao Brasil.
E o que mais preciso fazer, além do teste PCR?
Precisa preencher a Declaração de Saúde do Viajante da Anvisa. Você receberá um e-mail de confirmação após completar o preenchimento, e é este e-mail que você deve apresentar no check-in, junto com o resultado negativo do teste PCR.
E se eu testar positivo para a COVID-19?
Neste caso, não poderá embarcar para o Brasil e terá que fazer uma quarentena no local onde estiver.
E na chegada ao Brasil, passarei por mais algum procedimento de prevenção ou checagem de saúde?
Não. Toda a checagem é feita pela companhia aérea, antes do embarque.
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Boa viagem!
