Como dizem lá no Epcot: "Bem-vindo ao futuro. Ou seria, ao seu futuro?"
Sou um apaixonado por viagens. Não só pelo ato de sair de casa e passar um tempo fora, mas também por toda a ciência que existe por trás do turismo. Gosto de estudar comportamentos, tendências, de fazer análises econômicas, sociais e antropológicas. Por isso costumo dizer que viajar é meu melhor aprendizado. E foi munido desse espírito de eterna curiosidade e interesse que tive o privilégio de assistir ao evento Think With Google Travel, apresentado em São Paulo na última sexta-feira.
Durante o evento, foram apresentados os resultados de uma ampla e detalhada pesquisa feita pelo Google, que ajudam a definir não só o perfil do viajante do presente, mas principalmente, o perfil do viajante do futuro. Apesar de ser voltado para o mercado brasileiro, muitas das conclusões do estudo se adaptam a turistas do mundo inteiro. Em um mundo em constante mudança, com a realidade virtual ganhando cada vez mais espaço e conquistando mais pessoas dia após dia, é essencial para os profissionais da área se atualizarem, estarem sempre um passo à frente.
Entre as conclusões apresentadas pelo estudo, muitas só reafirmaram algo que já havia notado nos últimos tempos. Cada vez mais, os viajantes encaram suas viagens como uma experiência completa, e não mais como a ida do ponto A ao ponto B. Em sua jornada, são guiados pelo roteiro curiosidade-inspiração-descoberta-transação. Muitas vezes, a viagem começa com um pensamento sobre determinado destino; em seguida, vem a pesquisa "motivacional", com vídeos no YouTube, fotos no Google Imagens e no Instagram, matérias genéricas sobre o lugar, etc; começa então a fase do planejamento, quando se pesquisam preços, melhor época para viajar, informações práticas em geral; depois vem o processo de compra, da aquisição da passagem aérea à reserva dos hotéis; e por fim, a pesquisa mais detalhada, esmiuçando o destino escolhido e sonhando com a aproximação da viagem.
Existem grandes players para todas as fases acima citadas. Mas ainda há um grande buraco no sentido de as empresas entenderem a demanda de seus clientes pela personalização e customização de produtos, por uma viagem que seja feita "só" para eles, de acordo com suas vontades e desejos. Cada vez mais, os viajantes, principalmente aqueles que viajam a lazer, se planejam. A maioria aponta que o principal motivo de suas viagens é descansar. Muitas vezes, é o único momento do ano em que podemos realmente relaxar e estar o tempo todo perto da família. Por isso, as viagens representam também um engajamento emocional - e a demanda para que elas sejam perfeitas torna-se cada vez maior. Mesmo os viajantes corporativos, em sua maioria, tentam encontrar momentos de lazer no meio de suas jornadas empresariais. Há um investimento emocional grande nas viagens, e ninguém quer correr riscos.
Hoje em dia, por trás da compra de uma passagem aérea, existe o desejo de uma lua-de-mel perfeita, o sonho de estudar no exterior, a vontade de relaxar com a família; as pessoas não vão mais para Nova York e se dão por satisfeitas com a chegada ao destino: elas querem saber o que fazer, onde comer, o que vestir, quando ir, dicas de segurança, etc; e, cada vez mais dominadas pela agilidade da internet, querem as respostas agora, e estão gostando da experiência de se planejar com antecedência. As empresas e veículos de mídia que conseguirem responder a estas demandas, transmitindo segurança e confiança para seus clientes/leitores e fazendo bom uso das plataformas digitais, serão as únicas que sobreviverão no futuro, em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo.
Saí do evento certo de que, apesar da existência de zilhões de empresas, agências, operadoras e sites de turismo, a maioria falha ao não realizar um serviço que encare a viagem de seus clientes/leitores como uma jornada, e não como uma caminhada em linha reta ligando dois pontos. Por isso vemos muitas delas falirem ano após ano, ao mesmo tempo em que sentimos falta da personalização e da prestação de informações mais detalhadas e adequadas ao nosso perfil. Quem conseguir resolver essa equação, vai se dar bem. Iniciativas como o Falando de Viagem estão aí para provar que, muito além de dizer que em Orlando ficam os parques da Disney, é mais importante dizer qual é a melhor época para visitar a cidade, quanto vai se gastar com os ingressos, dicas de compras, segurança, hospedagem, alimentação, entre muitas outras informações.
Como disse um dos representantes do Google em uma das palestras: "não se trata mais de falar sobre o destino, e sim sobre a jornada".
