Viajar bem também é ser antipático de vez em quando

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FabioCalderon Mensagens: 3832
Qui Out 24, 2013 6:59 pm
Viajar bem também é ser antipático de vez em quando

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Pior que sentar no aperto do avião é sentar com alguém chutando sua poltrona atrás

A cena acontece comigo em praticamente todas as vezes que viajo sozinho. Homem, jovem, solteiro, sou presa fácil para ser peça de xadrez no avião. Sim, aquela pessoa que fica igual a um pino movendo-se pelo tabuleiro (no caso, a aeronave). Não tem uma vez que alguém não me pede para trocar de lugar - e geralmente, para um assento pior do que aquele que me foi designado.

Nas primeiras vezes, cedia fácil. Sempre me rendia ao olhar pidão da esposa em pânico por viajar longe do marido, ou da senhora que precisava de mais espaço para as pernas. E lá ia eu para um assento mais apertado, algumas fileiras pra trás, promovendo a felicidade de uma família e acabando com o pouco conforto que tinha ao viajar na poltrona que eu mesmo escolhi, após muito pesquisar no mapa do avião sobre qual seria o lugar menos desconfortável para viajar.

Até que de tanto levar flechada do olhar alheio, resolvi endurecer. E das últimas vezes, só troquei de lugar se a mudança realmente representou um grande benefício para mim. Ano passado, em um voo de volta de Miami para São Paulo, me recusei a ir para a fileira bem em frente ao banheiro, acabando com as esperanças de um grupo de amigos que queriam sentar juntos e estavam ao meu lado (numa fileira ótima, na parte da frente do avião).

Em uma recente viagem para a França, deu-se o auge de minha saga: após muito batalhar, consegui sentar na primeira fileira da classe econômica, com mais espaço para as pernas. Eis que chega um casal de meia idade, com a senhora (pra não dizer perua) em estado de desespero porque ia sentar longe do marido, que estava umas 3 fileiras atrás. Ao pedir para que eu trocasse de lugar com ele, ouviu um sonoro "me desculpe, mas eu reservei este assento com antecedência, para ter mais espaço. Não vou trocar, infelizmente". Após rugir na minha frente, ela teve a brilhante ideia de pedir para a pessoa que estava ao lado do seu marido trocar de lugar com ela. E qual não foi minha surpresa ao ouvir ela falando, assim que saiu da minha fileira, que "ainda existe gente boa nesse mundo", em referência à cidadã que teve a sorte de ir para a primeira fileira da aeronave, ao meu lado?

Gostaria de saber quem inventou que viajar significa ser sempre passivo, simpático, bonzinho em excesso (e há um limite bem tênue entre a bondade em excesso e a burrice). Eu, quando estou viajando, costumo redobrar a atenção e o grau de exigência. Se o serviço não é bom, reclamo, brigo, exijo meus direitos. Já vi gente dizendo "relaxa, você está de férias". Mas para mim é o contrário: justamente por ser um período de lazer, quero que minha viagem faça valer o tempo e o dinheiro gastos em seu planejamento. E isso implica em fazer com que meus direitos, seja como consumidor, passageiro ou ser humano, sejam respeitados.

Não cedo lugar na fila (e cansei de brigar com pessoas guardando lugar para seus companheiros de viagem em filas de brinquedos na Disney), raramente dou conversa para estranhos, principalmente em aeroportos e estações de metrô, por óbvias questões de segurança; se estou aguardando meu voo ser chamado na sala de embarque e vejo alguém ocupando lugar com bolsa, casaco ou jornal, gentilmente empurro os pertences da pessoa, para que eu também possa me sentar; se pego uma criança sentada atrás de mim e que fica chutando minha poltrona no avião, ou algum adulto sem noção que acha que a tela touchscreen das aeronaves modernas só funciona à base de pancada, olho feio (e muitas vezes reclamo com o passageiro); e mais recentemente, decidi não mais ceder meu assento no avião, a não ser que seja em meu próprio benefício. Egoísmo? Talvez. Mas não acho justo que alguém que planejou sua viagem, reservou lugar com antecedência e quer apenas relaxar e curtir os dias de lazer seja prejudicado.

E também não dou mole para falhas de serviços em hotéis e restaurantes. Conheço gente que fecha os olhos para tudo quando viaja, como se o fato de estar de férias significasse engolir sapos. Mas eu não consigo ser assim.

Já conheci muita gente bacana em voos, hotéis e afins. Inclusive tenho uma grande amiga que conheci em um voo entre Orlando e São Paulo. Mas nestes casos, eram pessoas civilizadas, que não me atormentaram pedindo para trocar de lugar, furar fila ou para colocar algo estranho em minha bagagem. Sou um viajante simpático. Mas quando preciso ser um viajante antipático, sou melhor ainda!

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Fabio Mensagens: 8900
Qui Out 24, 2013 7:55 pm
Eu também não troco de lugar.

Se eu tive o trabalho de pesquisar no Seat Guru e reservar o assento com antecedência, por quê a pessoa não podia ter feito a mesma coisa?

clarisse Mensagens: 9
Qui Out 24, 2013 8:05 pm
Tivemos um problema assim também, indo para NY em um vôo TAM, onde compramos a poltrona com mais espaço, na fileira do canto. Como éramos 3, e em outra viagem ficamos na fila do meio e nunca tivemos uma viagem tão ruim, desta vez compramos nas laterais, duas juntas e a outra na lateral oposta. Veio uma perua (talvez a mesma de seu vôo) que queria ir ao lado de um amigo e pediu pra meu marido trocar de lugar com ela, que viajava na tal fileira do meio. E quando ele disse: "Lamento", saiu falando que ele era um grosso, mal educado .... Concordo plenamente com você e não troco de lugar com ninguém, salvo se for de meu interesse!! Abs :P

viniciusbb Mensagens: 915
Qui Out 24, 2013 8:14 pm
Na saída de emergência só trocaria se fosse com alguém da executiva :D :D :D

Concordo em absolutamente todos os sentidos com você Fabio.

FabioCalderon Mensagens: 3832
Qui Out 24, 2013 8:58 pm
Será que era a mesma perua, Clarisse? :lol: Ela estava com um grupo grande de uns 20 casais vindos do Mato Grosso. Mas o pior é que o que mais tem por aí é gente assim, que acha que o mundo gira em torno do próprio umbigo. O passageiro tem o direito de ficar no lugar a ele designado. Quem quiser que compre assento conforto, ou reserve lugar com antecedência, que não vai precisar ficar mendigando uma troca de lugar ;)

Abraços!

eduardocf Mensagens: 366
Qui Out 24, 2013 9:42 pm
Fábio, muito bom seu relato. Quem já não passou por situações como estas?

O problema é que nós brasileiros, de um modo em geral, ainda não aprendemos a exigir nossos direitos, ou pior, na maioria das vezes nem os conhecemos direito.

Não estou generalizando, é claro, e tampouco é um privilégio só nosso, mas essa cultura tupiniquim do "não se incomodar" ou do "deixa pra lá" em todas as situações, a meu ver só contribuem para que os desrespeitos e abusos aconteçam com maior frequência em nosso dia-a-dia. E aí, tanto faz se é em um voo internacional ou em um trem metropolitano, em um hotel 5 estrelas ou em um albergue.

eduardocf Mensagens: 366
Qui Out 24, 2013 9:45 pm
Fábio, muito bom seu relato. Quem já não passou por situações como estas?

O problema é que nós brasileiros, de um modo em geral, ainda não aprendemos a exigir nossos direitos, ou pior, na maioria das vezes nem os conhecemos direito.

Não estou generalizando, é claro, e tampouco é um privilégio só nosso, mas essa cultura tupiniquim do "não se incomodar" ou do "deixa pra lá" em todas as situações, a meu ver só contribuem para que os desrespeitos e abusos aconteçam com maior frequência em nosso dia-a-dia. E aí, tanto faz se é em um voo internacional ou em um trem metropolitano, em um hotel 5 estrelas ou em um albergue.

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zebinsk Mensagens: 1282
Qui Out 24, 2013 10:13 pm
Você foi perfeito nas considerações.
Só quero acrescentar para aliviar a barra de casais que viajam com bebê de colo (meu caso atualmente).
A TAM é uma das que proíbe o checkin online para quem está com bebê de colo, e nem marcacão de assentos. Resultado muitas vezes a mãe vai com o bebê na fileira 1 e o pai na 30.
Aconteceu duas vezes comigo, é claro que ofereci o melhor lugar para quem estava ao meu lado na 30. E todos ficaram felizes.

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Fabio Mensagens: 8900
Qui Out 24, 2013 11:03 pm
Zebinski, eu já voei mais de uma vez na TAM com bebê de colo e fiz em todas marcação de assentos on line.

E se quisesse ir na primeira fileira teria que pagar US$50 por adulto por trecho.





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