A Clara, minha filha hoje com 1 ano e 2 meses, é uma pequena viajante desde sempre. Antes mesmo dela nascer já estávamos planejando suas primeiras viagens. Com 2 meses fez sua primeira viagem de carro e logo em seguida, antes mesmo de 3 meses, sua primeira viagem de avião para Vitória - apenas 50 minutos de voo. Com 4 meses e meio embarcamos com ela para sua primeira viagem internacional e para bem longe. O destino? Maldivas, onde ficamos por 3 semanas.
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No dia em que completou 1 ano a Clara já contabilizava 46 voos. E advinham o tema da sua primeira festinha? "Volta ao mundo com a Clara" - não poderia ser outro, né? Afinal de contas uma das coisas que ela mais fez nesse primeiro ano de vida foi viajar.
Mas vamos ao que interessa, a história que dá título a essa coluna. Para começar, o primeiro passaporte da Clara tiramos com 3 meses e meio para viagem das Maldivas, quando ela estaria com 4 meses e meio na data de ida. Nessa idade o passaporte dela dura somente por 1 ano.
Um parêntese rápido aqui: para quem não sabe, a validade do passaporte varia de acordo com a idade da criança:
- 0 a 1 ano incompleto: 1 ano de validade do passaporte;
- 1 ano completo a 2 anos incompletos: 2 anos de validade do passaporte;
- 2 anos completos a 3 anos incompletos: 3 anos de validade do passaporte;
- 3 anos completos a 4 anos incompletos: 4 anos de validade do passaporte;
- 4 anos completos a 18 anos incompletos: 5 anos de validade do passaporte;
- 18 anos completos ou mais: 10 anos de validade do passaporte.
O processo para tirar o passaporte de bebês e crianças é praticamente o mesmo que o de pessoas maiores de idade, com algumas pequenas diferenças.
Nesse primeiro ano de vida da Clara fizemos algumas outras viagens internacionais: Estados Unidos, Turks and Caicos e Chile. Tiramos o visto americano dela também quando ela ainda tinha meses - mas esse graças a Deus vale por 10 anos!
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Desde o começo de 2019 já tínhamos fechado uma viagem para a Suíça e França no começo de 2020. Clara já tinha passaporte e Europa não exige visto, então teoricamente tudo certo.
Eis que no dia do embarque quando estava no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, fazendo nosso check-in na Lufthansa, o atendente me pergunta: "A Clara tem outro passaporte?". Tomei um susto e respondi obviamente que não. Aí ele: "A União Europeia exige que o passaporte tenha validade extra de 3 meses após a data de retorno ao Brasil".
Pronto! Quase enfartei nessa hora. Veio um filme na minha cabeça e o "mole" que achei que nunca aconteceria comigo estava acontecendo e eu poderia dali voltar frustrada para casa com a Clara. Sou bem organizada e sempre checo mil vezes documentos e tudo mais. O passaporte da Clara era tão novinho que isso sequer passou na minha cabeça.
Foi então que o funcionário disse que ia precisar de uma autorização para que eu pudesse embarcar. Passados 5 eternos minutos e ele volta dizendo que estava tudo ok. Ufa! Respirei aliviada e quase dei pulos de alegria com a Clara no colo. Passada essa angústia eu decolei.
Após 10 horas de voo chegamos a Frankfurt, onde fizemos apenas conexão, pois nosso destino final era Genebra. Eis que na hora da imigração o funcionário me pede os passaportes e eu calmamente entrego - eu estava tranquila, pois tinha todos os documentos em mãos e não pensava que ali poderia ter problemas com o passaporte da Clara uma vez haviam me deixado embarcar no Brasil. Mas não foi bem isso que aconteceu. Ao ver a data de expiração do passaporte o atendente me disse friamente que eu não poderia entrar, pois o passaporte dela não tinha 3 meses de validade após a data de retorno ao Brasil - estávamos em janeiro e o passaporte dela iria expirar no fim de março.
Mais um susto e dessa vez fora, na imigração e com um alemão frio do outro lado. Tentei me manter calma e ser racional. Pedi desculpas, disse que não sabia e que ficaria atenta na próxima vez. Adivinhem a resposta? "Próxima vez? Provavelmente você voltará no próximo voo ao Brasil". Nessa hora congelei. Ser barrada no Brasil seria ruim, mas voltar da Alemanha seria mil vezes pior! A Clara para completar ainda estava inquieta no meu colo e eu tinha que fazer ela não atrapalhar para pensar e argumentar em inglês com ele para tentar desenrolar a situação.
Assumi totalmente o erro e argumentei que ela era apenas um bebê de 1 ano e que não ficaria sozinha no país. Falei também que nos EUA era diferente essa exigência e por isso me confundi - nessa hora ele foi curto e grosso: "Então porque você não escolheu ir para lá?" Na verdade, a adrenalina estava tão grande que nem me lembro ao certo tudo que falei. Ele me fez diversas outras perguntas do tipo se eu era casada, aonde estava meu marido, pediu para ver o bilhete do voo de volta, reserva do hotel, dinheiro que estava levando. Depois disso tudo ele pediu para eu esperar ao lado porque ia falar com o Big Boss. Nisso ele atendeu outra família, teve uma hora que saiu e falou ao telefone. Depois de 10 eternos minutos ele me chamou e disse que o Big Boss autorizou nossa entrada. Me mandou ficar atenta e ler mais sobre as regras do destino que estou viajando.
Moral da história: aproveitamos muito a viagem e lição aprendida. Cheguei e já fiz imediatamente o novo passaporte da Clara. Esse susto não passarei novamente! E eu, mesmo me considerando uma viajante com certa experiência no assunto, dei esse mole e assumo que a culpa foi minha. Isso pode acontecer com qualquer um.
Minha dica: 1 mês antes da viagem revise todos os documentos e preste atenção nos detalhes. Faça um check list para ajudar. Vale colocar na agenda/outlook um alarme com data de expiração dos passaportes de toda família. Passaporte vai expirar em breve? Melhor se antecipar e não deixar a data se aproximar.
Quem aí tem alguma história parecida ou dica para compartilhar?
