Cidade da região de Languedoc-Roussillon, no sul da França, Nîmes conta com uma história riquíssima e que, se hoje representa uma cultura morta, permanece viva pela conservação de seus principais símbolos – e não estou aqui falando apenas dos seus monumentos.
Nîmes localiza-se a 56 km de Montpellier e é possível pegar um trem até lá. A viagem desde Paris leva quase 3 horas de TGV. Saindo da estação, caminha-se 10 minutos pela Esplanade Charles de Gaulle até a Arena de Nîmes – o anfiteatro romano da cidade.
O turismo em Nîmes tem muita qualidade, e isso se deve, certamente, à gestão que a empresa especializada Culturespaces faz dos seus principais monumentos – a Arena, a Maison Carré e a Tour Magne. Devido a essa gestão inteligente, é possível comprar os ingressos para as atrações na forma de combo, ter acesso a guias auditivos gratuitos e em diversos idiomas na Arena e ser atendido por funcionários simpáticos e dispostos a ajudar.
A Arena de Nîmes é considerada o anfiteatro mais bem conservado do mundo. Na época dos gladiadores, chegava a receber um público de até 24.000 expectadores. Com o guia auditivo em mãos, pude escutar sobre a vida dos gladiadores, sobre o porquê do formato oval do anfiteatro, sobre como funcionavam as lutas e tantas outras informações interessantíssimas!
Saindo de lá e caminhando por mais cerca de 10 minutos, cheguei à Maison Carré, construção inspirada nos templos de Apolo, e que foi templo na Antiguidade, sede de governo na Idade Média, prefeitura pós-Revolução Francesa e, hoje, recebe viajantes franceses e estrangeiros, além de passeios escolares. Dentro da Maison, assiste-se a um filme de 20 minutos, dramatizado, sobre a história da cidade desde os seus primeiros habitantes, os celtas, e sobre como o local passou a fazer parte do Império Romano. Posso dizer que surpreendeu.
Depois do filme, pequena pausa para o almoço nos arredores da Maison Carré. Há restaurantes tanto na praça em frente, quanto nas pequenas ruas atrás. Escolhi uma casa de crepes onde comi um delicioso crepe de trigo sarraceno (típico da França) recheado com ratatouille e queijo camembert.
Após o almoço, mais caminhada. Dessa vez, até os jardins de La Fontaine. Os jardins, no estilo típico francês de simetria, foram construídos na época de Luís XV com a intenção de preservar e integrar os vestígios romanos do local, tais como fontes e o templo de Diane.
Templo de Diane.
A Tour Magne também se encontra nos jardins de La Fontaine, no ponto mais alto da cidade, porém numa parte antes inacabada dos jardins, pois não conta com as ruas e árvores simétricas, mas sim com um bosque projetado no século XIX pelo prefeito de Nîmes. Trata-se de uma construção pré-romana, que marcava e protegia a presença do santuário celta. Os romanos aumentaram a torre, que passou a cumprir um papel militar e de comunicação. Caso você tenha disposição para subir suas escadas, será recompensado com uma bela vista.
Fui embora de Nîmes me sentindo expert na cidade, e tudo graças ao turismo local que, como disse, tem muita qualidade. Se seus monumentos representam uma sociedade morta, sua história mostra como aquela cultura ainda vive hoje – seja nos estádios de futebol semelhantes a anfiteatros, seja na forma como os políticos de outrora deixavam para promover o maior número de lutas entre gladiadores justamente na época de eleições!
Boa viagem!
Texto e fotos: Julia Rebuzzi.
