A Eslovênia, ou oficialmente a República da Eslovênia, é um país do leste europeu, que faz fronteira com a Áustria, Hungria, Croácia e Itália e é banhado pelo Mar Adriático. O país é relativamente pequeno, com um pouco mais de 20.000 km² de área total e cerca de 2,1 milhões de habitantes. Historicamente, a Eslovênia já teve momentos bem atribulados, passando por diversos períodos em que esteve sob o governo de outros países e até 1990 fez parte da antiga República Socialista Federativa da Iugoslávia, juntamente com a Sérvia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro e Macedônia. O destino faz parte da União Europeia desde 2004.
O Falando de Viagem foi desbravar este lindo e pouco conhecido país para nós brasileiros. Visitamos suas principais cidades e pontos turísticos. Alguns dos receios dos brasileiros em visitar um país do leste europeu são estrutura e idioma, mas podemos afirmar que a Eslovênia está bem preparada para o turismo em ambas as questões. Atualmente, eles contam com uma ótima estrutura de turismo, com hotéis, restaurantes e estradas muito boas.
E quanto ao idioma? A língua oficial é o esloveno, mas em todos os lugares que passamos as informações estavam disponíveis em diversos idiomas, inclusive português, e os atendentes e guias falavam realmente bem o inglês, além de muitas vezes diversas outras línguas. Encontramos um atendente em um restaurante que falava 7 idiomas. Em nossa viagem pudemos conhecer e apreciar muito deste país, que embora pequeno em área, tem uma diversidade incrível, um destino para todos os gostos.
Começamos nossa visita à Eslovênia por Maribor, a segunda maior cidade e uma das regiões vinícolas do país. Lá fizemos uma prova de vinhos, visitamos o centro histórico às margens do Rio Drava e a grande atração, a videira de veludo preto (modra kavcina). Ela é oficialmente reconhecida como tendo mais de 400 anos e está no Guinness World Records como a mais antiga videira do mundo, ainda produzindo uvas nobres, de onde é produzido anualmente um vinho especial, o qual não está disponível para venda. É um tesouro, destinado apenas para ser presenteado a presidentes e outros dignatários em visita ao país. Anualmente, é realizada uma festa para a colheita de suas uvas.
Depois seguimos para Ljubljana, mas fizemos uma paradinha na cidade de Žalec, para conhecer a fonte de cerveja no meio da praça. Você compra um caneco por 8,00 euros e tem direito a 100ml de cada uma das 6 cervejas disponíveis. O serviço é automático: o copo tem um chip em sua base, que ao tocar no totem, ele te serve. Também tem totem para lavar o copo entre uma cerveja e outra. É bem organizado. A cidade não produz muita cerveja, mas sim o lúpulo, o chamado ouro verde. As cervejas são de cervejarias que produzem com o lúpulo plantado na região. Você pode levar o copo como souvenir depois para casa. A ideia é boa, tem muita gente fazendo "Happy hour" no local.
Finalmente, chegamos à Liubliana (Ljubljana), que é a capital do país e uma cidade bem antiga que era ponto de ligação entre Veneza, o Mar Adriático[b] e [b]Viena na antiguidade. Nos dias atuais ela é bem jovem, tanto por sua população, como por seu ritmo de vida. Devido à universidade e seus diversos institutos de ciências, a cidade é morada de jovens de todos os países da Europa, além de que a sua animada e criativa atmosfera atrai artistas do mundo inteiro, que apresentam seus trabalhos nas belas e movimentadas ruas do centro histórico. Visitamos um pouco desta linda cidade, com seu imponente castelo no alto da colina e que tem como símbolo o dragão, que segundo a lenda morava na região.
Durante nossa estada fizemos o Moustache Tour, que é um passeio de bicicleta incomum e diferente. Com um guia turístico, percorremos as ruas mais bonitas da cidade e seus arredores durante quase quatro horas. Tudo na visão dos três poderosos homens bigodudos que detêm a chave do segredo da cidade. Jože Plecnik, Ivan Cankar e Rihard Jakopic eram homens ousados que deixaram sua marca em Ljubljana e na Eslovênia. Pudemos conhecer um pouco da história destes grandes artistas, além de sentir o estilo de vida de um arquiteto, escritor e pintor. O Moustache Tour foi eleito em 2018 o melhor tour guiado da Europa e amamos a experiência.
Passamos 2 dias e 3 noites na cidade. O tempo foi suficiente para conhecê-la, passear com tranquilidade e aproveitar a vida noturna da cidade. Seguimos então para Postojna, localizada a cerca de 55 quilômetros de Ljubljana, com um pouco mais de 15.000 habitantes, esta pequena cidade possui dois dos maiores tesouros da Eslovênia. A mundialmente famosa caverna de Postojna é a maior e mais conhecida da Europa, com 21 quilômetros de passagens subterrâneas, galerias e salões magníficos. São mais de 200 anos de história turística. Simplesmente indescritível!
O segundo tesouro da região é o Castelo de Predjama (Predjama Castle). Este pitoresco, magnífico, desafiador, misterioso e inexpugnável castelo foi construído empoleirado entre uma caverna e um precipício de 123 metros. Sua esplêndida e difícil construção, ainda mais para o século 13, foi feita de tal forma que onde termina o natural, começa a construída, com as partes integradas. Essa dualidade do natural com os recursos feitos pelo homem é quase tão inspiradora quanto a sua história de muitos séculos e a lenda encantadora e romântica sobre o cavaleiro Erasmus - seu mais famoso morador, do século 15, que segundo alguns, ainda habita e caminha durante a noite pelas salas do castelo.
Após nos impressionarmos com o interior do país, seguimos para o litoral, a chamada Riviera Eslovena, onde ficamos hospedados em Izola, no Hotel Marina. A cidade tem um charme veneziano, que juntamente com sua grande marina, suas ruelas estreitas e seus excelentes restaurantes e bares, é o lugar ideal para se hospedar. Ou seja: é o local para a ser a sua base para bate e volta para as charmosas cidades litorâneas da região.
Em seguida, retornamos um pouco para o interior e passamos por Vipava Valley. A região tem diversas vinícolas abertas à visitação e degustação, tem inclusive uma estrada do vinho. Por falta de tempo, nós pegamos somente um pedaço da estrada, paramos na Vinícola Tilia, mesmo sem agendamento e fomos bem atendidos. Os vinhos são mundialmente premiados e exportados para poucos lugares.
Uma coisa que notamos em nossa viagem é que a Eslovênia é verde. Cerca de metade do país (10.124 km²) está coberta por florestas, o que torna a Eslovênia no terceiro país europeu mais florestado, depois da Finlândia e da Suécia. Portanto, para finalizarmos nossa viagem não poderíamos deixar de visitar o coração verde do país, o Parque Nacional Triglav. O parque leva o nome da montanha mais alta da Eslovênia: Triglav (2.864 metros).
O parque é gigante, com vistas magníficas dos picos altos, vales alpinos verdes, riachos e lagos que refletem o céu azul ou tem a magnífica cor esmeralda. Passeamos pelas estradas das montanhas do parque e um dos pontos mais lindos foi nossa parada na Tolmin Gorges, no vale do rio Socca. O passeio por este desfiladeiro é uma experiência imperdível. A cor esmeralda da água é simplesmente deslumbrante.
A cidade e o lago de Bohinj são o ponto de partida para diversas trilhas de caminhadas e trekkings no parque nacional, mas você não precisa caminhar muito, apenas andar pela beira do lago já é maravilhoso, cercado por uma natureza intocada, montanhas altas. Você terá uma vista hipnotizante em cada canto.
Não exatamente dentro do parque nacional, mas em sua fronteira, está uma das cidades mais visitadas da Eslovênia, a cidade de Bled. Com seu lago cor esmeralda, que um poeta esloveno chamou de segundo Éden, por seu charme e graça. Há mais de 1.000 anos a cidade exerce um encanto sobre os seus visitantes, que ficam em dúvida para o que olhar: entre o lindo lago com sua pequena ilha no meio, onde está a igreja dedica a Nossa Senhora da Assunção e seus peregrinos podem chegar em um charmoso barco à remo; seu charmoso centro com casarões históricos ou seu lindo castelo de conto de fadas, no alto de uma das montanhas que circulam a cidade.
Nós utilizamos o carro como transporte e recomendamos muito, pois as distâncias são curtas e as estradas muito boas. Vale lembrar que para utilizar as autoestradas é necessário ter o Vignette, adesivo de pedágio. Caso você alugue um carro na Eslovênia, verifique se o carro tem este adesivo, e caso venha de outro país é preciso comprar nos postos de gasolina antes da fronteira.
Não pegamos nenhum trânsito, os estacionamentos são fáceis de achar, não são caros e em quase todos os nossos hotéis o estacionamento foi gratuito. A única exceção, podemos dizer do país inteiro, foi em Bled, que os estacionamentos eram poucos, cheios e bem caros, além de que levamos um bom tempo para entrar e sair da cidade. O país possui uma grande malha de trens e ônibus, mas não utilizamos, então não podemos avaliar.
Conclusão
Segundo uma lenda eslovena, quando Deus criou as regiões/países da terra, ele deu um marco a cada um, algo para que a região se distinguisse das outras. No final, sobrou somente a Eslovênia, que perguntou: "E eu o que eu vou receber? Se já foi tudo distribuído." A resposta foi: "amor". Amor para unir um pouquinho de tudo. Assim, o amor ligou o mar com as montanhas, os campos de trigo e cevada com os vinhedos, as florestas com as águas dos lagos e rios, o mistério dos subterrâneos com a luz do céu.
Lenda ou não, tudo isso nós pudemos ver, sentir e apreciar na Eslovênia, não somente nas paisagens e nas experiências, mas no amor e orgulho que seus habitantes sentem por seu país. Um pais pequeno em área, mas gigante em simplicidade, hospitalidade e diversidade. Realmente, brincando com o nome, a Es LOVE nia é um país para cair de amores!