Las Vegas é uma das minhas cidades favoritas. Como eu sempre disse, eu a considero a "Disneylândia dos adultos". Mesmo antes de me mudar para os Estados Unidos, eu costumava visitá-la pelo menos 3 vezes por ano. A última vez que lá tinha estado foi em novembro de 2019. Tinha uma viagem agendada para maio deste ano que precisou ser adiada devido a pandemia do coronavírus COVID-19.
Em março de 2020 a cidade fechou. Foi um lockdown severo. Cassinos, hotéis, restaurantes, shows e todas as atrações turísticas. Tudo fechado. É possível ver vídeos no YouTube que mostram a Strip completamente irreconhecível - uma verdadeira cidade fantasma.
Na última semana de junho, a cidade iniciou seu processo de reabertura. Como na maioria das cidades do mundo, é um processo lento e gradual. Como todos sabemos, Las Vegas é uma cidade cuja economia depende integralmente do turismo para sua sobrevivência. No dia 11 de julho me dispus a encarar o calor de 45 graus do verão americano para iniciar uma viagem de 5 dias pela cidade para verificar com meus olhos como a cidade está fazendo para se reerguer.
A minha primeira estadia foi no mundialmente famoso Bellagio, um hotel que dispensa apresentações. A primeira coisa que notei foi o fato de não encontrar dificuldade para estacionar no hotel. Era um sábado de alta temporada e o mesmo deveria estar lotado, mas não foi o que aconteceu. Ainda mais agora que, com o intuito de tentar atrair os turistas de volta, os hotéis deixaram de cobrar pelo estacionamento.
No lobby, também nada de filas, que é algo comum para a época do ano. Uma funcionária media a temperatura de todos antes de permitir o check-in. O uso de máscaras agora é obrigatório não apenas nos hotéis e cassinos, mas também em todos os espaços públicos fechados. Cruzando o cassino em direção ao elevador, notava-se as pessoas usando máscara, mas nem sempre respeitando o distanciamento social, que aqui é de 6 pés.
Todos os hotéis do MGM Resorts que reabriram instalaram postos para lavagem de mãos e oferecem em diversos pontos luvas, máscaras descartáveis e álcool em gel de forma gratuita para todos. Foram instaladas também barreiras acrílicas nas mesas de jogos, de modo evitar contato com os funcionários e entre os jogadores.
Na fila para o elevador, o distanciamento é respeitado. Existem pontos no chão marcando a distância obrigatória. Cada viagem de elevador leva apenas os membros do mesmo grupo. Cada quarto pronto para ser ocupado encontra-se lacrado com uma fita avisando que o local foi meticulosamente limpo. Uma fita idêntica encontra-se lacrando o frigobar.
Os hotéis MGM também disponibilizam em todos os quartos um "Kit COVID-19", que consistem em máscara lavável, álcool em gel e um curioso dispositivo de metal que engloba um abridor e uma ponta emborrachada para apertar botões, de modo que você não precise encostar seu dedo.
Uma vez instalado em meu quarto, fui ver como estava a cidade em si. Era sábado e tudo estava bem cheio. Obviamente, apenas turismo interno. Com o alto índice de pessoas desempregadas recebendo auxílio emergencial que pode superar os US$1.000 semanais, como é o caso da Califórnia, não é difícil entender a razão de tanta gente estar curtindo a reabertura de Las Vegas.
Ruas cheias sem respeitar distanciamento social e muita gente sem máscaras. Dentro dos complexos hoteleiros a coisa está mais organizada. Existe forte fiscalização quanto ao uso de máscaras, marcações no chão para controlar o distanciamento e coisas do tipo.
Os restaurantes operam com cerca de 40% de sua ocupação normal, mas também estavam operando no limite permitido. Quem não fazia reserva, corria o risco de não conseguir uma mesa. Você só pode retirar sua máscara quando estiver sentado em sua mesa. Uma novidade são os cardápios. Agora para evitar tocá-los, você usa seu celular para ler um QR Code.
Por ser verão nos Estados Unidos, era inevitável que as áreas de lazer externas nos hotéis estivessem cheias, porém as espreguiçadeiras foram afastadas. Saunas e jacuzzis estão fechadas, assim como os Spas, mas as academias estão abertas, ainda que com capacidade limitada e todo o aparato de higiene disponível.
Meu segundo hotel foi o MGM Grand. Nele, a primeira diferença que notei foi que não medem sua temperatura no check-in. Tirando isso, os protocolos de higiene são idênticos aos do Bellagio.
Como trata-se de um hotel muito maior, com cerca de 6.800 quartos, era normal que houvesse mais gente nas áreas de lazer. Por outro lado, o final de semana já havia passado e as atrações já estavam mais vazias, ainda que com um bom movimento.
Outra coisa que notei foi que nem tudo reabriu. Complexos como o Planet Hollywood e o Park MGM permanecem inteiramente fechados. Muitas lojas e restaurantes de complexos em funcionamento, também. Bares só podem abrir se venderem refeições também. Mesmo os complexos que reabriram, operam com capacidade limitada. Muitos andares inteiramente fechados ainda. Se tivesse que estimar, diria que a cidade está 65 a 70% reaberta. Ainda é pouco, mas diante dos vídeos de cidade fantasma de abril, é uma boa notícia.
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É seguro viajar para Las Vegas?
Agora vem a pergunta de um milhão de dólares: é seguro ir para Vegas nesse momento? Eu diria que depende. 100% seguro nada nunca será, mas se você tomar as medidas de proteção adequadas, respeitar o distanciamento e evitar o contato físico, é um risco aceitável. Evite apenas os finais de semana, quando tudo fica muito mais cheio. As noites mais cheias - e mais caras - são as de sexta-feira e sábado. Faça o check-in no domingo à tarde. Vamos torcer para que essa pandemia seja logo controlada e a linda Las Vegas possa reabrir 100%, em todo seu esplendor.
Boa viagem!
E você, pretende viajar para Las Vegas em 2020? O que achou dos procedimentos adotados pela cidade? Conte para nós a sua experiência!
