JJ e seu colega de trabalho usando máscaras em Wuhan.
A epidemia, ou quase pandemia, do chamado Coronavírus deixou o mundo em alerta nos últimos dias. Com o foco na China, o surto que pode infectar animais e pessoas e causar doenças respiratórias que podem ser fatais está sendo lidado com medidas drásticas, proporcionais à tamanha emergência.
Como está sendo viajar pela China neste período?
Para responder a esta pergunta resolvemos entrevistar alguém que acabou de chegar de lá. No caso, o meu marido, JJ. Ele trabalha para uma empresa alemã e viaja frequentemente à negócios para a China. Ele viajou no último dia 11 de janeiro de Viena exatamente para Wuhan, ou seja, para o epicentro do problema.
Claro que até o momento da viagem não havia informação do risco e da expansão do problema, caso contrário ele teria cancelado a viagem. Os alertas tiveram início exatamente quando ele estava no país.
Quando você ficou sabendo que havia algo errado?
JJ: "Quando chegamos ao aeroporto, logo na área de desembarque, meu funcionário estava me esperando com um pacote de máscaras descartáveis e me orientou a usar duas porque estava ocorrendo um surto de gripe na cidade. O que não é anormal, já usei várias vezes no país, tanto por causa de problemas de saúde ou por causa da poluição. Ficamos dois dias na cidade e depois partimos para o nosso próximo destino. Ficamos sabendo de um ou outro novo caso da doença, mas ainda assim sem alarme".
Como foi o desenrolar da viagem?
JJ: "Embora já distantes de Wuhan, a notícia da gravidade do vírus nos fez evitar aglomerações e sempre que em ambientes públicos usávamos as máscaras e meu companheiro no pais, o álcool gel, ainda mais constante".
Você viajou de trem e fez voos internos no país. Como foi?
JJ: "Em todos os aeroportos internacionais das grandes cidades da China você passa pelo scanner termográfico de corpo, o qual mede a sua temperatura. Um scanner extra do scanner de segurança. Ele não é individual e você não precisa parar - várias pessoas passam diretamente por ele. Fica antes do controle de passaportes e também antes da chegada aos portões de embarque.
Não houveram problemas, mas creio que se eu estivesse com febre, seria barrado de continuar a viagem. Durante os voos e no aeroporto todos usavam máscaras, mas isto é normal no país. Nas estações de trem não há o scanner, mas todos normalmente já usam as máscaras".
É desagradável usar a máscara?
JJ: "Eu não diria desagradável, mas demora um pouco para se acostumar. O que é ruim, é o fato da comida na China ter bastante alho e pimenta, o que eu gosto, mas usando a máscara você fica sentindo cheiro de alho e pimenta o tempo inteiro. Você tem que tirar a máscara para tomar água e comer. Você fica manipulando a máscara o tempo todo, então é indicado que você sempre coloque uma nova. O uso da máscara também complica um pouco para compreender o que a outra pessoa fala".
Houve alguma dificuldade na saída no país ou na chegada na Europa?
JJ viajou de Pequim para Frankfurt no dia 24, quando a gravidade do problema já era conhecida.
JJ: "Na China, passei pelo scanner de corpo para a saída o país e creio que desta vez a temperatura de cada viajante foi estritamente controlada. Eles também estavam olhando se você apresentava sinais de estar doente. Na chegada à Alemanha não houve nenhum controle extra. Como tenho o passaporte alemão segui direto para o totem automático e entrei tranquilamente. Não sei se os visitantes chineses tiveram algum exame específico, mas não me pareceu. Pela televisão eu vi que não há controle de temperatura de quem entra por Frankfurt, mas que os funcionários estavam verificando se algum visitante apresentava sinais de que estava doente".
Você ficou apreensivo na chegada a Frankfurt?
JJ: "Não, apenas não usei a máscara no aeroporto, pois as pessoas não estão acostumadas e ficam com medo".
Como ficam as suas próximas viagens para a China?
JJ: "Estão canceladas até um segundo momento, tanto porque eu não quero correr o risco, quanto por determinação da empresa para qual eu trabalho".
Você aconselharia alguém a viajar para a China neste momento?
JJ: "Não. Não só pelo risco da doença, mas também porque pelo controle e fechamento de estradas, aeroportos e estações de trem. Devem estar acontecendo vários problemas de locomoção por lá".
Você está tomando alguma precaução após a viagem?
JJ: "Como não apresentei nenhum sintoma da doença, não vejo muito problema. Mas por precaução estou fazendo home office (na Alemanha) para evitar contagiar alguém (somente a minha esposa, você - risos - corre algum risco) e também farei um exame de sangue, apenas por desencargo de consciência''.
Nós agradecemos ao JJ pela entrevista e esperamos (eu pessoalmente ainda mais) que fique tudo bem.
Sobre o Coronavírus
Quais são os sintomas do Coronavírus?
- Febre alta;
- Tosse;
- Falta de ar;
- Evolução para pneumonia, síndrome respiratória aguda grave ou insuficiência renal.
Esperamos que o surto seja contido, que os infectados sejam rapidamente identificados e que recebam o tratamento adequado. E que todos que planejam viajar para este destino tão rico, possam prosseguir com seus planos.
Informações sobre o vírus: Informativo do Hospital Israelita Albert Einstein.
E você, está preocupado com a doença? Tem viagem marcada para a China? O que pretende fazer? Conte para nós nos comentários!
